quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

segundos.

O segundo também passou. O barulho dos carros. Mas ninguém ali. Vazio também do lado de cá. Divididos por um oceano. Quem diria encontrar a tão sonhada paz? O telefone toca. De novo aquela vontade de escutar voz alguma. Ou a angustia de ter que explicar o que há de tão explicito. Essa é minha vida. Quem diria fazer parte de todo o contexto. Por onde andaria meu amuleto da sorte? Quero sim, sua companhia. Mas fique em silêncio porque quero despir-me de palavras que alimentem a minha existência. A lua. Alimento-me da noite. De sangue. Prefiro assim. Ao ranger dos dentes que se aproximam. Que os fleches ceguem os meus. Quero sentir sem ver. Olhos abertos. De longe quero ouvir os gritos soados ao meu ouvido. Tamanha dificuldade de me encontrar. Tão distante. Talvez não estivesse ali também. Que tal um filme e pipoca. Na cadeira apertada. O vazio. Vou tomar banho com os óleos ingleses. De tão pequenos os passos, o vejo andando na contramão de meus sonhos. Quanta simplicidade desmedida. Basta sentar ao lado. Passar a mão pela cabeça algumas poucas vezes e pegaria no sono. Embarcaria num mar envolto de ventos que me trariam de volta a vontade de sonhar.
Sentei e calei-me. Livro. Conversa. Um ou outro lendo papeis que se encontrava naquele banco. Estava invisível, ainda sim incomodava. Não era aquele o meu lugar. Talvez escorregasse pouco mais no banco o bastante pra me sentir cansado. Se fechasse os olhos. Dormiria para longe. Não chegaria de pronto. Mas pra onde mesmo é que preciso ir? Todas as poltronas estão ocupadas. Tenho medo e frio Ninguém ao lado. Respiro umas três vezes, sinto a dor da ferida aberta. “Queria manter cada corte em carne viva”.
Enquanto caía no canto do banheiro. Pulso esquerdo cortado. Sangue escorria pelo braço estendido enquanto brilhava e sorria. As manchas de dor espalhadas pelo corpo. O sangue contornava a cerâmica branca.
Chovia dentro. E fora, o dia engolia as crenças. A água não levava embora o desespero.
Sentia sede. Mas não podia se levantar. Tarde demais. As forças já haviam sido entregues há muito tempo e a melhor obra de arte se perderia. As melhores fotos. A melhor pose. Tudo enquadrado em cinza.
Ao cair da noite que ele não mais veria. Decidiu que ficaria ali. Jogado. Talvez por longas horas até que fosse encontrado. Estava ali. Da forma como sempre quis. Derramava ali tudo o que o afligia e o beijo nunca roubado. O dinheiro que se poupou de gastar. E agora. Nada mais daquelas economias baratas faziam sentido. Estava preso dentro das angústias. Quando olhava para o sangue que o tirava de cena.

Passageiro.

Perdi o fôlego. Por umas duas vezes. Perdi o fôlego. Noite ainda. Quantas luzes acesas. Nenhuma invadia o quarto opaco. E seus olhos não mais brilhariam. Sorte. Talvez. Mas as bocas se encontravam distantes. Tempo. E descobrimos que não faz mais o menor sentido esse encontro. Corpos ardentes. Que um dia se amaram. Agora gelados. Fúnebres. A Janela. Em particular, sem cortina. Apenas fotos pregadas na parede. E a distancia. Da alma. Da mente e do coração. As partidas. Quantas vezes. Por quantos. Vou fugir pra ver as estrelas, sozinho. Queria ter visto a lua da janela do seu quarto. Já observava pela janela sem lua quando o elevador desceu. Sétimo andar. O mesmo perfume. A mesma voz. Talvez um corte novo de cabelo. De ambos a mudança interna. A equidise. Isso reflete nos olhos. Você está bem? E você está bem? Não precisamos dessas respostas. Está tudo embutido ali. Na fotografia sem ângulo. Olhos caídos. Uma vez ou outra. Sem mais vezes. Não existe mais o gelinho na barriga. Três ou quatro. Nem faz mais tanta diferença. Melhor lembrar o que passou. Esquecer a noite de ontem. A de hoje. Esperar um amanhã. Uma nova janela da qual eu possa ver a lua. Na esquina, mais distante ainda eles estavam. Sem braços dados. Muito menos abraços apertados. Não fazia mais sentido. Não faz mais. Sentidos. Perdi o fôlego. Perdi o brilho. Cabelos Molhados. Rosto suado. Passou. Eu fiquei.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Ele.

Deixar de lado o bom gosto pra sentir. Dos sentimentos. Fazer essência. Permanecer. Crescer dentro daquilo que pode ainda se tornar maduro pra sonhar. E sonhar. Juntos. Assim. A gente divide o travesseiro e também os sonhos. Deixamos pra lá os anjos. Eles gritam demais a noite. E brincando. Me fazem perder o sono.

sábado, 17 de janeiro de 2009

comentário.

Típico mesmo de ser humano. Aquele que sempre procura a valvula de escape no sorriso alheio. Maldito seja todas as vezes que desequilibrado foi posto a prova. E caiu. Nada de laços bem dados. Nenhuma sentença de morte que nada. É a vida cobrando o preço. Pague a vista ou vai se ferrar.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Forever.

Soava plenitude. Era música calma. Pra sempre é o que se lia nos olhos dele. Sonhos.
A luz do quarto acesa e os momentos em que passaram juntos. Assim pensando que o relógio pararia na madrugada em que faziam amor. Não se trata de erotismo. Pele. Sabe bem do que estou dizendo. Mas pensa no ser mais despudorado. Se os neologismos cantassem fariam serenata a cada amanhecer. Ou melhor. Não amanheceria e os corpos poderiam se calar pouco mais juntos.
Vários os chinelos espalhados pelo quarto, que na manhã seguinte restariam lembranças. Junto ao suor que sobrava na almofadas de retalhos. Assim encontraria ao voltar do pior pesadelo. A ausência.
Quantos os panos que o cobriam. Tais as vezes que passeava por sentir o cheiro dos olhos. Que aroma de saudade. O sorriso doce me levara daqui. Quanto passa depressa ele dizia. Talvez derramasse algumas lágrimas no banho. Ou já com os sentimentos maduros. Deixastes cair apenas água pra lavar seu pudor e a angústia desses corpos que estariam separados.
Desejo. As suas mãos quando correm meu corpo me faz lembrar entrega. Ouço palmas ao longe. Mas não existe platéia. Eles estavam sozinhos num mar de gente que os deixava parecer estar só. Solidão. E juntos. Eles choravam. Enquanto caminhavam e sentiam.
As palmas agora se faziam bem mais presentes. Invadia como a luz aquele quarto entraria sem mais leveza em seus ouvidos e o fazia aclamar. É o fim do espetáculo. Guarde as plumas que serviam de elegância. Agora é voltar a cantar no chuveiro e ir à busca daquilo que lhe pertence. E quando nada encontrares. Olhe para as flores do caminho. Barulho dos passarinhos. Encontre no céu o resto do meu olhar. Busque na sua alma e irá me encontrar. Por essência. Cheiro. Gosto. Vem me abraça forte. Tenha calma ao me beijar. Quero a voracidade do sentir. Que seja pleno. Intenso. Profundo. Por seus e meus. Por nós.
Apertarei o mais forte no piano que escutarás ao longe. Vem, viaja no meu corpo. Beija-me forte devagar. Quando os sinos dobrarem a esquina trará ao longe o grito dos pássaros. Aqueles que me fizeram cair aos tantos por você. Grita em meu ouvido. Bem baixinho devagar. Quero mesmo te matar por todas as noites. E pela manhã te fazer renovar e abrir aquele sorriso como o de novela. Que seja por essa por todas.
As manhãs. Como era pra ser puro. Quanto crime de gaveta comete com a escova de dente. Quanto amor se deixa escorrer pelo canto dormente da boca que se reprime. Fuma mais um. Seja feliz. Forever. Junte sete palavras doces e mergulhe nelas. Afunda-te em meu silencio e me beije. Por toda a face. Por toda minha existência. Por mim. Você. Por nós. Vem. Provoca-me. Quero mesmo é que me deixe nu de palavras ao te encontrar. Que tal brincarmos de sermos felizes JUNTOS. Junte tudo. Agora mergulhe tudo. Controle essas lágrimas. Realmente. Não precisamos mais disso. Olhe-me nos olhos. Compreenda quão grande ainda existe da sua pele em meu corpo. Vem faz amor comigo. Trás poesia pelo meu corpo. Mate-me três das sete vidas que me restam e que dediquei a você.
São desejos e lembranças que me fazem sorrir. Dança pra mim. Entorta a boca do que jeito que só você sabe fazer.
E faz poema doce. Desenha tua face em meu rosto. Quero me sentir embriagado de você já que hei de deixar você partir. Voe. Semeie o amor que vivemos. Vai avistar ao longe e me encontrar nas melodias tristes. Estarei em cada lágrima tua que escolher pela tua face. E quando sorrir vai morder teus lábios. Vai acordar mais cedo pra me viver. Pra me sentir. Faz amor comigo. Mas não me mate. Não me mate mesmo. Não permito isso mais. Agora é vida. Vai. Como é bom ouvir a tua voz. Vamos voar juntos. Ventou. E levei embora tua vida e teus sonhos. Tornei-me perverso e não sou mais capaz de te fazer feliz. Sou os sonhos que me foram roubados na infância. Faço parte daquela calça jeans surrada que já não mais me serve. A intolerância dos meus desejos. Hei de ser a fonte daquilo que me prende junto ao sol. Hei de ser o próprio sol e as lembranças. Um dia já embriagado lembrarei de como as palavras poderiam ser mais doces. Quando tudo ao menos deixou de ser visto.
Interrompido estarei ao primeiro sinal de que ainda existe a vida. Sangrar-te-ei até a morte. Com o teu sangue pintarei belas telas vermelhas manchadas com aquilo que me pertenceu. Serei eu ali. Entre meio ao coágulo mais brando e as poesias baratas.
Acorda mais leve e brando quando fores me desejar bom dia. Mata esse seu passado. Engole a seco seus ínfimos pecados e depois me corte. Sangue paixão desejo tudo ali olhando e sorrindo. Sombra de humanidade que ainda resta no meu peito.
Cala-me com teu beijo breve e depois me engole.

Lá fora.

Os dois permaneciam calados. Ela se enforcando cada vez mais em suas palavras. Veneno. Escorria pelo canto da boca já encharcada de lágrimas. Mentira e tragédia.
Ritual de oração já não bastaria. Boa comédia romântica, se não fosse pela falta de ar que provocaria a partir daquele momento. Saiu ininterruptamente portão a fora. Como se as paredes estivessem contaminadas pelo ódio. Atravessaria a cortina sabendo que estaria errada. Nada mais a fazer. As cordas atravessariam suas veias sugando seu ar para a atmosfera enquanto respirava, por conseguinte enquanto a fumaça entrevava um branco sutil de fundo amarelado em seus pulmões. Ela pensou por instantes na morte. Ele. Que tudo acabasse ali. Afinal, só buscavam daquela fonte pouco mais de paz.
Assim olhos nos olhos eles se estranhavam, naquela angústia causada por ela. As flores amareladas. Agora sangue que se espalha por todo o colchão atravessando o quarto numa sutileza de se estranhar. Tanta purificação. Quanto amor, atrelado ao ódio. Os corpos se amam e se odeiam quando se olham. Depois choram. As lágrimas inundam o corpo um do outro enquanto a noite caia lá fora...
Ouviram palavras que não de dor. Sonhava cada dia mais com a partida e o livramento. Cantaram e foram felizes. Por Deus. Pela paz. Pelo tempo. Pela alma. E seguiram felizes.
A vida de um dos garotos fora interrompida logo no primeiro sinal de violência que a vida lhe pregava. Ainda mal conseguia separar as pálpebras daquela situação toda. Houve gritos. Muitos deles. Desespero. E ele nada podia fazer. Saia correndo atrás parava tudo aquilo e morrera pela primeira vez deixando de acreditar que o ser humano podia ter amor ao próximo. Ninguém precisava dizer nada. A violência ocorrera ao entardecer. Fora tomado com força e o sangue lhe escorria sobre as pernas. Aquela voz ofegante em seu pescoço refletia angustia e atordoamento.
Talvez tivesse sido melhor que os fios lhe atravessassem o pescoço e a luz se apagasse naquela que seria sua segunda morte. Onde não acreditava em poder ter escolhas. Aquilo seria lembrado pra sempre.
Tempos se passaram e o espelho revelou sua grande face. E sua voz lhe vazia voltar à vida. As mãos que o tocaram era de leveza. Calmaria. Havia amor jogado á regra pra suprir tamanho desprezo que a vida lhe dava.
Como atravessar mais uma esquina para o próximo surto. Ninguém entende. Ninguém. A dor o tornara cruel e ele já não mais sabia separar o bom do ruim. Para ele. No momento que em que esteja cheio da sua própria razão.
Ao menos temia que se machucasse mais uma vez. Não adiantava. Ele teria que passar por mais isso e perder. Sempre as perdas. A voz. A visão. A fala. Levaram também seu orgulho vital.
Ele não mais sonha. Pensa que a coisa não tem mais solução. Crime perfeito. Perfume adorável. Tempo de chuva que inspirava o sepultamento da saudade. E nada disso acontecia. Perdera o equilíbrio em uma esquina qualquer. Mas dessa vez sua metade (que também já estava por partir) o segurava as mãos antes mesmo que as luzes se apagassem. Não havia mais o que fazer. Prendera o dedo na porta. A unha quebrada doía menos do que quando ouvia aquela voz que confortava ao longe...

Ali parado.

Ele estava ali. Parado. Apenas isso. Não dava ao menos tempo para calcular o quanto ele estava ali. Parado. Quando aquela coisa rotineira de dar e receber abraços se fazia presente. Presente. Ele não ganhou muito. Entre meio um sorriso disfarçado havia muita falta. Um irmão. Outro que não mais estaria ali. E fizera falta. Entre muitos que não estariam por vir.
O relógio marcaria mudanças. Se as coisas não permanecessem estáticas a cada instante. Desespero. Tudo girando. Pessoas rindo de piadas qualquer. O mundo. Dele. Trazendo de volta coisas que viveu. As viagens que antes fazia. Dos sorrisos de gratidão que colhia. Muda tudo. A roupa. O dia. A noite. Mas quantas noites ele terá de viver pensando no que poderia ser diferente se as coisas permanecem em ordem. Uma ordem que não existe. Nunca. É. Não mesmo. Reminiscências...
Partiremos das lembranças pra formar o que somos. Aquelas coisas que saem do controle. Um ou outro não que disse e que não é acolhido. Fora deixado de lado. Etapa concluída. Filhos grandes. E a felicidade. Quando ela há de viver ao meu lado. Ser a grande dama de companhia. A que completa. A metade que me levaram embora naquela cama de hospital. Das vezes em que me esperava já com os cabelos encaracolados e de batom pronto.
Perdera o sono na primeira noite em que o cadeado fora travado com alguém do lado de fora. As asas. Responsabilidades e amor. Quanto amor.
Ele não aprendera a demonstrar a sabedoria de mais de cinqüenta anos. Passou pelo tempo e deixou de viver. Agora vive por contar às pedras que aparecem no travesseiro. Já que os caminhos fecharam as portas numa sexta-feira qualquer. Ele perdeu o sono.
Rola de um lado pro outro da cama criando a sensação de um frio inexistente. Um frio da alma. Ausência. Quanta coisa errada. Ele pensa que expõe tudo o que sente. Mas fica sufocado na garganta e o impede de sorrir. Que esse super-homem deve estar fazendo agora. Já passam das duas e as luzes permanecem acesas. Ele já não pode mais sonhar acordado. Pensa na vida que gostaria de ter tido. As pálpebras se forçam a encontrar a outra face. Mas já é tarde demais. A luz que atravessa a janela sem cortina já invade sua retina. Amanheceu e ele não pode nem ao menos pregar os olhos.