"O medo sempre me guiou para o que eu quero. E porque eu quero, temo. Muitas vezes foi o medo que me tomou pela mão e me levou. O medo me leva ao perigo. E tudo o que eu amo é arriscado." (Clarice Lispector)
A gente da voltas e voltas tentando encontrar aquilo que traduzimos como felicidade. Acho que tenho já uma boa teoria pra isso, bem mais do que belos dentes que sorriem, às vezes é muito mais intenso do que a própria alma deduz. E preciso bem mais do que pegar nas mãos e sair andando por aí...
Cansei dos casais abraçados nas esquinas de bares, alimentando o tédio com uma repugnância intolerável, fingindo viver a paixão dos três primeiros encontros, quando o toque já não faz mais com que as pernas tremam. Pura objetividade em questão engana-se aquele que não se sente só. Nascemos sós, e tão somente vivemos em busca da felicidade, ela mesma, a da questão, que na verdade não passa de instantes em que não refletimos no quanto somos e estamos sufocados. Fragmentos intercalados ao paladar e aroma.
Assim como o amor, a felicidade não passa de arte, aquela arte da tristeza em que os poetas utilizam da própria dor para compor seus poemas de versos eloqüentes. Dentro do percurso imaginário que criamos caminho à destruição. Não, não mesmo. E não entenda todas essas repetições de palavras como pessimismo, às vezes um toque da nossa realidade pode influenciar vivamente e por vez ate mudar essa falta de realismo que entorpecemos ao fingir que a pessoa ao lado realmente esta lá...
Vivemos sozinhos e temos o habito de fingir ser o ideal para o outro, enquanto na verdade não merecemos nada e tudo para onde olhamos força-se um desapego inexperiente... Caímos de novo.
Sempre a espera da boa musica, tudo depende e às vezes é diferente, sabe aquela sensação de que o mundo para quando ele toca seu rosto? Você acorda suado depois de um longo dia em que dormiu acordado, mesclando suas vontades e a realidade de ser e sentir... Totalmente só.
Cada um busca o refugio onde pode, já cansei de trocar os números dos códigos de barra pra ver se a coisa muda, processos de eqüidiste viraram o rotineiro prato de arroz e feijão da América do sul, amamos e não aprendemos. Que espécie de homens é que somos?
Isso vai muito além do de analisar os atos e os ponderar depois, o ajuste não acontece, afinal você não sabe o que se passa na cabeça do outro, que insiste em dizer coisas que te fazem sonhar, palavras lindas, de amor, quanto na realidade nunca esteve lá.
Aprendi a sufocar, mas acabo por sufocado também, umas pessoas só funcionam sob pressão, mais ainda existem aquelas que se assustam com a proposta de dividir os problemas na cama e se refugiam ao sexo barato, mundano, na cama a gente faz sexo, amor à gente faz com as atitudes, as trocas de olhares, o orgasmo pode ser traduzido como cansaço, existem aqueles que se grudam, mais ainda aqueles que viram pro lado e dormem.
Amor? Não... Sinceramente a gente ama aquilo que nos faz mal, quem é que não precisa de uma dorzinha aqui outra ali pra usar de exemplo depois como: ‘Já passei por isso, e até por coisas piores...’ Como medir e comparar algo que nos acontece em diferentes tempos das nossas vidas, se na verdade a cada segundo evoluímos, e não entenda evolução como progresso. Evoluir no sentido de modificar, de ser, estar...
Depois de um tempo só, decidi, naquele momento, antes mesmo dos fogos anunciarem o novo ano, com a mesmice dos anos passadas, decidi que iria me entregar, e porque não amar... Horas mais tarde eu tive mais uma vez a absoluta certeza de que a gente ama a saudade, e sofre por ela. E as pessoas ‘amam’ de intensidade desiguais, afinal ainda não foi inventado o manual do amor, e deve ser por isso que tem sempre alguém que vai se tornar ainda mais inseguro, e no máximo dessa abstinência de segurança própria acaba sufocando o outro, que por sua vez não esperava as pressões daquele momento e resolve por abandonar o barco antes mesmo de erguer a vela.