segunda-feira, 29 de agosto de 2011

"Fazia frio, nevava em São Paulo..."


Os olhos sorriram de medo. As mãos trêmulas não puderam fazer o contato da derme. Esta tudo aberto. Faz frio aqui. “Juntos morreríamos, pois nos amamos”. A vontade do final da tarde para ver aqueles olhos castanhos brilharem ao encontro dos meus novamente. A alegria da manhã pra ver o sol nascer dentro de mim. Estamos (estou) perdidos em meio a tanta fumaça. Tantos nãos que eu já perdi a veracidade dos fatos. Embalei nos sonhos dele e gritei. Senti as vísceras todas, mas dessa vez do lado externo ao corpo. Gritei de dor ao entender a mutação dos órgãos. Dessa vez não é medo. Já vi muitos desses decepados tête-à-tête. Nada mais me apavora se não minha ausência. Perdi as medidas, já não sei mais onde começa um e termina o outro. E a diferença que se faz presente. A não negação faz meu coração bater mais forte. Eu me pergunto se ainda haverá outra vez. Outra historia, dentro de toda aquela que desenhei e ele não tocou. Uma projeção dos lábios que nunca se viram, mas dos corpos que (talvez) se amem em silêncio. De repente tudo isso é uma alusão do espírito. Mas a carne sangra. Ferida exposta. Carne viva. São as Aguas Vivas (da Clarice) que me interpelam. Sinto vontade dele. O sorriso inteiro, a voz interrompida, as conversas sem sentido atropeladas pela ânsia de ir adiante. O toque das mãos. O vento tocando em seus cabelos. E o seio da essência. Não é desejo. Não é carne, mas sangra. E vontade de pegar nas mãos e ir dançar na chuva. E que não haja chuva. E que chova na gente. Eu espero. Não sei por mais quanto tempo. 
Mas, eu.