domingo, 26 de agosto de 2012

Projeções

Livrou-se dos sonhos que o perturbaram por grande parte de tempo antes de ostentar-se a pegar no sono. Já lidava com essas indagações sem quimeras. Fazia-se do seu tempo e nele vivia, ostentava qualquer gesto sutil que ousara criar.
Já se entendia com a segunda xícara de café quando ousou abrir a janela. Num tom breve e direto notou que o cinza da parede onde não batia o sol, tinha-se tomado conta por mudas e sementes, e que, agora, mais um ambiente fora criado. Decidiu aguar as plantas antes mesmo de que os primeiros raios de sol as tocassem. Dessa vez teve tempo de mesclar em seus olhos as cores que por ali se compuseram, transformava-se em algo melhor do que o antes, embora ainda não tivesse a sabedoria necessária pra saber em que momento de sua vida se encontrava.
Tentou ousar-se do silêncio.
Fora interrompido diversas vezes pelas vozes que lhe diziam o que fazer. Optou por lembrar-se dos abraços, da forma como eles entrelaçavam-se na altura dos pés. Ousou ser mais do que o ontem e como num suspiro, sentiu por segundos que era de amor que aquilo tudo tratava.
O medo sempre foi uma constante para ambas das partes. O novo talvez fosse o maior de seus problemas, o deslumbramento e a espera, cada um com sua parcela de dor.
Consolou-se com as lembranças dos toques nas mãos na noite em que eram iluminados pela metade da lua que podiam ver a olho nu. Tiveram conversas e devaneios entre um trago e outro. O ar e a cumplicidade os fizeram sonhar por diversas vezes, e, por diversas vezes entreolharam-se buscando no outro, o sustento de um amanha sem data precisa pra acontecer.  
Tinham em comum o amor. Esse era o ponto de equilíbrio. Essa era a maneira em que eles ousaram se fixar. Naquela noite, se amaram como em nenhuma outra antes. Uma mistura de desejo e sobriedade os fizeram flutuar entre os paradigmas impostos por todos os lados, e, mesmo sabendo que as coisas não seriam fáceis, resolveram-se, ainda com os lábios cerrados, aquilo que valeria a pena.