segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Estrelas

Foi assim que avistei os cigarros emparelhados. Os olhares atentos tentando buscar algo que não fosse assim tão inevitável. Entre meio a um trago e um soluço ouvia coisas novas que pertenciam a um mundo paralelo. Mas gostava do que sentia.
Tão lentamente para que as coisas permaneçam em seu lugar. O certo sobressaindo qualquer inspiração contrária. Quero mesmo. Mas não me queima com as pontas, joga essa fumaça toda pra esquerda e segue caminhando. Ou pára. Associa. Deita no colchão pra poder pensar como vai ser o dia seguinte. Ou não pensar em nada.
Seu cabelo fica melhor assim. Bagunçado. Os olhos brilhando o que a lua gostaria de ressaltar. Mas não havia estrelas. Chuva e as estrelas resolveram por dar um passeio.
Tamanha sintonia que os pingos sutis faziam ao cair na grama ainda seca. Mas não. Estava distante. Mal podia escutar o som do meu coração bater mais forte.
A porta faz barulho quando fecha. A luz fraca mal iluminava minha face. Gostaria de poder ter visto meus olhos. Deviam estar brilhando, mas a falta de luz não refletia o que havia em mim.
Era pouco. Mas ao menos intenso. E recitava aquilo que só o coração queria pensar na tentativa de surpreender. Fazer diferente. Afinal foram palavras travestidas de essência. E que ao acordar se lembre de que não foi apenas sonho.

Um comentário:

  1. A procura. A gente sempre se encontra só. Não quando só. Talvez entre um cigarro e outro. Perceba-se só. Mas então por que. A busca ocorre internamente. O eu minimizando-se a pó. E tudo que temos são as lembranças do que não foi vivido. As marcas deixadas na palma de nossas mãos, diria a Lygia. A prova do fogo. Que não ardeu. O fogo da argola pela qual pulamos. Passa-se reto, na maioria das vezes.
    A sombra buscando refúgio no chão. Perseguindo uma bicicleta que segue distante. Longe. Te tudo. Voaria se pudesse. Sumiria. Deixaria a dúvida de ter existido ou não. Seria sonho. Apenas. Nada de ossos. Olheiras. As estrelas ainda estavam lá. Não todas, é claro. As mais brilhantes costumam se esconder nas horas de confusão. A porta faz barulho quando fechada. O portão gritou. Escapou de minhas mãos. Peço desculpas. Aceitas. O choro não estava mais. Agora só os gritos. Internos. Ecoando as paredes do quarto. Vai. Se joga. E a parede insiste em ser branca. Em ser matéria. Em ser sã. As pernas. Pra onde foram? Os braços. Onde estão? O abraço seria real? Ficou só a pele. A imposição do sexo. A procura. Quero ser então. Quero fazer. Como o autor. Do livro. Aquele na estante. Da queda um passo de dança. Do medo uma escada. Do sono uma ponte. Da procura um encontro. É o que falta. Escada. Ponte. Encontro. Talvez.

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