domingo, 26 de julho de 2009

Gritos.

Sentia um nó na garganta enquanto descia por aquelas intermináveis escadas. Os degraus não eram muitos. Mas eles gritavam. Dentro de mim todos aqueles intocáveis demônios gritavam.
Ensurdecido, chorava e não podia falar. A respiração aturdia e aclamava todos os pontos que ali havia.
A roda-gigante colorida girava. Eram quarenta e dois degraus. Com toda a certeza de que eram. Ali, todos misturados junto à carnificina exposta dessa gente imunda. A sala cheia. E a platéia surda que gritava. Interrompiam em um dos cantos os que se tocavam. A menina se cortava enquanto a fumaça formava as bolhas displicentes de agonia. Todos envolvidos pela fumaça branca que se espalhava.
Não sabia qual era mais as cores dos teus próprios olhos. Na verdade nunca soube o que lhe fazia acalmar o espírito, enquanto os demônios aplaudiam a orquestra surda que o calava.
A orquestra falava enquanto a platéia cantava. Todos juntos quando a semântica fora perdida no terceiro degrau do segundo andar. Tropeçava embriagado pela sua própria saliva e o torpor que agredia fazia com que as coisas pairassem no ar e a banda pausadamente interrompia a cena.

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