domingo, 1 de janeiro de 2012

Pérolas


Estava ali. Parado. Nada viu. Ninguém se virou pra ver. Seguiu-se. Sendo.
Sentiu-se. Parou. Olhou. Estagnou os olhos. Refletiu por instantes o exato em que se aproximara. Pensou. Por instantes. Pensou. Entendeu coisas que não buscou. Outras. Por ali também estiveram. Sentiu. Sentiu. Segui sendo.
Aproximou-se do espelho como quem se aproxima do perfume da rosa. Delicada. Robusta. Cheia daquilo que lhe poderia ser proteção.
Apertou firmemente os lábios e sentiu ausência. Aquelas mãos estavam longe dali.
Afagou seus cabelos com as pontas dos dedos. Parou. Pesou firmemente aquilo que buscara ha instantes. O cheiro fora sentido.
Pensou. Dessa vez nos lábios cítricos. Exatos. Descompensados. Indagou que poderia ser um sonho dentro de outro. Interpelou-se de compaixão. Arrumou a gola da camisa. O pode ver. Dormindo com os lábios superiores calados. Abertos.
Suspirou. Palidamente sentiu. Parou. Sentiu.
Já perdera a noção daquilo que chamara de ausência. Ofuscou a visão na tentativa do sono. E forçou-se.
Já não se perguntaria mais por quês. Seria se. E se se. Seria. Foi. Andou. Deixou as tantas coisas rodarem pra chegar onde estava. Sentiu-se. Avesso ao que buscara. De fora pra dentro gritou. De dentro respondeu que voltaria a si. Ou ao menos fingiria ser.

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