sexta-feira, 30 de maio de 2008

cinco meses

Quero seguir os seus passos sem medo de cair.
E que você caminhe mais vagarosamente pra que eu possa te acompanhar.
Que sinta a minha falta pela manhã quando olhar pro lado e não me encontrar.
E que ainda sobre tempo pra me dizer eu te amo no fim da tarde.
Sei que espero muito mais do que tenho, é o que tem pra hoje e me conformo com isso.
É extremamente mórbida a sensação de espera, a que horas o telefone vai tocar? Qual será a entonação da sua voz? Quão doces serão suas palavras? E o telefone não toca.
Seria o suficiente pra não perceber a ausência que traduz você. Ou mesmo o tédio que me trancafia nesse quarto opaco e imenso de um vazio desumano.
E me preencho com as fotos que tenho aos pés da cama e me reviro. Não durmo.
Tenho medo de abrir as janelas e não encontrar o sol.
E assim  a chuva molharia os lençóis de angústia.
E dessa angustia, finalmente a liberdade para que eu possa entregar-me.
E que eu sinta você intensamente. Não por quimeras do quanto me ama pelas manhãs,
E que eu possa saber pela madrugada que você também acorda perdido.
Embriago-me de suspiros entre lágrimas comovidas e percebo o quanto o tempo passa.
Quantos cinco meses terei eu mais, pra viver esse mesmo receio? Quantos pores-do-sol hei de esperar pra ter você por completo? Para me sentir amado?
Despir-me-hei de saudade e me perderei em seus braços.
Se por amor, leve-me com você.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Perdidos

Dói quando você não esta por perto.
Quando o vento não te traz ate mim,tenho vontade de chorar.
Lembro do fim da tarde que passamos juntos, de quando nos perdemos na estrada e eu pude sentir-me amado.
Segurei com todo amor na sua cintura e te senti.
Quando a luz se apagou, olhamos nos olhos eu não pude te ver, mas te senti e você não estava.
O procuro agora nos pingos d'água e logo começa a chover.
Tudo é tão lindo.
Tenho vontade de chorar sobre seu peito e molhar seus lábios com os meus.
Encontro você na musica mais bela, àquela que fala de amor e que descreve a gente.
Preciso do seu abraço, da sua mão pesada sobre meu corpo, pra me dar tranquilidade e pra me fazer dormir.
E não o encontro.
Uma lágrima escorre em minha face. Pude notar você nela e mais uma vez percebo o quanto isso é amor e me preencho das lembranças do fim da noite. De quando chegamos perto do portão e de quando roubei um beijo doce seu.
Mais lágrimas escorrem porque o que queria era ter você por perto,
Tenho vontade de ligar para você, para pelo menos ouvir um pouco da sua voz.
Sei que não posso. Ainda sofro.
Bastaria-me um pouco, pouco ao menos para poder sonhar, mesmo sabendo que após alguns minutos eu despertaria sem te sentir e sem te beijar e sem o peso das tuas mãos.
Sei que sofreria ainda mais e quanto mais o tempo passa mais eu percebo você e o quanto nossa vida valeu a pena.
Sim, valeu esperar todo esse tempo, acreditando que a felicidade podia chegar.
Ela veio traduzida em você. Vivi mais esses 'quatro meses' do que em vinte anos.
Só acreditei no amor quando pude sentir você pela primeira vez.
A emoção cresceu a partir do primeiro beijo. Foi quando o Natal fez sentido, quartas e sextas feiras tomaram forma e então pude ter o meu motivo de acordar a cada manhã sentindo que conquistei meu grande amor.
E agora, novamente choro, você não faz ideia da felicidade que é começar a viver e devo a você toda essa essência, magia...
Quando se caminha sem sentido, quando se caminha pra vida, para o seu próprio sentido é que o amor torna-se apenas detalhe.
[...]
Entrego minha vida a você.
Entrego meus lábios
Minhas asas
E todo meu amor.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

sentidos

Ouvi sua voz interrompida pelo ego despedido estranho.
Encontrei-me nos rumores de dor do meu corpo e um outro corpo por sua vez tenta tocar-me.
O nojo percorre os ossos, mais de vinte pílulas seriam necessárias para adormecer, e não enalteço com a tentativa de fuga desse deserto.
Mais uma vez me perco ao ouvir o som da sua voz.
Quero essa soberania por todas as terças feiras. Por mais, sentir-me no sobre ego.
Ter mais voz para cantar e perder-me no som do seu corpo, do corpo que ainda resta.
Estrada longa, perdido. Dessa vez, sem sua cintura a me orientar.
O sofrimento me traduz e não consigo mais entender.
São mais vinte pílulas e ainda não me encarnei no espírito do poeta.
Escrever, cantar e sorrir.Porque a morte já não significa alforria e de um pedaço de você... É o que me refaz.
Dos pedidos de desculpas, me consolo. Sua voz, compondo meu maior encanto e o receio do não sentir se aproxima e não vou mais esperar desespero.
Preciso de um suspiro aliviado. De uma fonte de emoções menos atordoadas
Encaro minha face por debaixo do lençol. Escondo-me, de mim mesmo para fugir do que penso.
Saudade estranha, é por isso que grito nessa coleção de sorrisos maltratados.
Você já não se faz mais presente na fotografia mais bela, no sorriso inalterado.
Por onde foi o brilho? Deve estar escondido dentro das pupilas dilatadas e presas pelas pálpebras cansadas...
Tento dormir a fim de esquecer  a distância. Seria mais fácil se além do pensamento eu pudesse, outra vez, segurar em suas mãos nesse imediato instante.

terça-feira, 27 de maio de 2008

premissa

Perdido no inalterado do seu beijo
Quero fugir pela janela da desilusão
Por onde andarás o afeto
Falta-me força pra ser pronto
Devolva-me a angústia
Para que eu possa gritar um som de dor
E que não soe razoável
Devolvo os teus sinais como fonte de liberdade
Já não mais procuro,
Assim, quem sabe encontro,
Cansei de perder o que não tenho
E sonhar com os sonhos pressupostos
Soltos e imensamente perdidos
Estarei aqui,
Pois, que segurando meus próprios punhos,
Pra que não seja uma passagem pro infinito
E que o sol volte a brilhar num tom dourado
E que os raios ultrapassem o vitral,
Refletindo seu rosto cansado e demolido
Sei que não posso perder o que nunca tive
Dar fim no que se nem começou,
Péssimos são os relacionamentos,
Que me levam a um breu lacrimejante
E se fossem pássaros
Pousaria em várias terras,
Voltaria ao mesmo ninho,
Que depositassem seus anseios
A, a dor,
Essa reluzida na sombra,
Mas nem houve preocupação degolada
Não há sol
Portanto, sem reflexos,
Sem mais anseios,
Sem você
E o telefone pararia de tocar por instantes,
Eu me surpreenderia ao olhar no espelho
Os olhos vermelhos,
E o brilho opaco,
Lágrimas desceram,
Lágrimas gritaram desespero,
Traduzida na angústia pregada
E suas mãos se encontram pra cima,
Pros lados,
O que fazer com a barreira humana
Por onde mandar o tédio desconsolado
Quando se prende num mesmo travesseiro
E se perde nos fios deixados nos papeis do avesso
Escrevo agora com giz marrom sobre a minha testa
Numa repugnância paradisíaca
Vejo-te agora sobre as pedras
Deixando de lado sua ignorância
Que foste posta à prova,
Mas em menos de alguns menos infantes
Escuto, ouço...
E vomito
Todo e tudo,
Fazer o que
O barro moldado,
Ao ser mexido,
Quebra-se,
Que fazer com os cacos de hombridade
Com o telefone insistente a tocar
E os dedos pertinentes à recepção
Mas quando se trata do ‘conquistado’
Mero desamparo,
Pra que cativar a cada manhã o cativado
Falar, falar, falar.
E pra onde ir...
Que fazer,
Não sei mais nem pra que time torcer
E mais que confuso,
Um desespero, mais que medonho toma conta.
Dessa vez uma ânsia,
Eu quero é viver em paz,
Por favor, me beija a boca,
Depois me toma em seu corpo
Entorpece em meio aos longos traumas
De altas pancadas
Doeria bem menos,
Bem menos
Se pudesse tomar banhos quentes por toda madrugada
Pra ajudar a cicatrizar as feridas que sangram da noite
e quando a água passa pelo corpo podre,
aquele que expira,
inspira sexo,
e sexo, por onde andarás,
Leva consigo o ralo,
Todas as lágrimas,
Todas as feridas cortantes
E o sangue apertado,
Um suspiro faz revoltar,
Tomar alguma atitude ao imóvel
Na verdade,
Calejado,
Já não pode mais andar,
Ouço pela noite os roncos do motor refletido em um amarelo manga,
Entra como uma esfera quadriculada
De difícil percepção
E me toma o sono,
Traz consigo a fome
O desespero
E você, aqui na minha frente,
Mais ausente que meu próprio ego
Que perdi por uma rua larga
Iluminada pelo luar
Num céu sem estrelas,
Quero o brilho puro,
Ao iluminar a aurora
E te trazer para um terço do meu abismo
Pra como é o gosto é amargo,
Porque a gente só percebe quão é amargo,
Vem-se na boca,
E quantos espelhos,
Pro rosto se perder,
E me percebo cravado em sua retina,
Mas...
“Sinto que sou um tanto bem maior”
E não me encontro no vazio.
No vazio de você