segunda-feira, 2 de junho de 2008

Quando me olhares

Quando eu morri pela primeira vez, senti aquela angústia atravessada no meio do meu ímpeto sangue.
Agora, que já tenho a experiência de morrer, costumo fazê-lo a cada instante, e a cada palavra que me falta.
Morro de manhã, tarde e noite. Mas morreria menos se estivesse ao seu lado todo tempo, e o tempo todo.
Mais estranho seria se não estivesse ao seu lado agora, é o que sinto, dentro das minhas mais profundas angústias. Nelas, sempre encontro você.
Dentro do seio do abismo encontro-me.
Acostumei morrer pelas manhãs, quando não sinto o cheiro de seu suor impregnando-se em meu corpo.
E nossos corpos suados passam, mas a gente não os vê.
Mas quando morro a tarde é  ausência. E agora é o ócio quem me afasta de você.
Não acredito mais em redundâncias. Creio agora, no amor que sinto, por mais que o medo seja intenso, ainda mais profundo torna-se o sofrimento.
Acostumei-me a morrer.
Gosto do final da tarde. Talvez porque a noite te traz você até aqui.
Já passam das cinco. As horas passam e não as vejo passar,
Ainda sinto o sabor do seu corpo nos meus lábios, é mais que intensa essa aproximação.
Mais forte que isso é o nosso amor, ou do meu amor ou ainda, do amor que sinto.
Mas é o seu amor que me toma pelos braços.
É agora que paro pra esperar você no portão.
E... Mais do que depressa, eu morro.
Morro porque anoiteceu e você não está.
E por onde andas, coração?
Volta pra cá...Traz seu amor e deixe que se aposse do meu.
Deixa que nossos amores se cruzem, e que se amem.
Permita-se que seu ego deflagre a alegria.
Basta de nostalgias.
Mais delicado são seus lábios quando me tocam. Suas mão tremulas quando me apertam.
Mais intrínseco serão nossos pudores, os quais são sei nem mais por onde andam.
Definitivamente, é inevitável morrer.
E quando essa volúpia toma conta, me afasto e agrido.
E cada morte, um novo renascimento. E a cada sol que brilha nos meus olhos eu sinto um carinho novo,
um amor novo, amor esse que me traz de volta a vida.
E depois me mata.

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