segunda-feira, 27 de abril de 2009

Fútil.

Coloquei o espelho virado pouco mais para a esquerda pra ver se algo ainda me atraia naquilo. Inútil. Mas quem é que não vive de certa futilidade? Ouço isso o tempo todo. De todos os lados. Compras. Passagens aéreas. Saudade. Tudo isso misturado. Tão longe. Mulheres que se vestem, outras que se matam, outras tantas putas que se mordem, a vida em qualquer canto. Aqui também existe fome, neuras, mas por aqui também se cala.
Já não mais escolhos os dias. Eles me escolhem e me levam à loucura. Porque sou psicologicamente alterado. Outro deles me disse hoje. Nem sei mesmo se essa é a palavra certa pra colocar aqui.
Trabalho. Sono. Nostalgia. A puta nunca ganhou rosas. Nem eu. E ele? As pessoas vivem de um ‘alternativismo forçado’. E paga alta quantia por isso. Assim se vive. Putas que se comem, passam batom com uma voracidade e o vermelho inunda toda a cara. Putas que se despem, outras que se lambem. Adoro putas. E a sua falta de pudor. Quero mais poesia. Gente louca gritando delírios. Sangue puro. A alma. Quero também você. Porque não?
Os carros estão passando. Pessoas cantando baixinho acreditando não serem ouvidas. Outros olhares que indagam o outro por não conseguir acender o cigarro. Outros cigarros que se perdem sem ao menos serem tragados. Venta demais. Meche o cabelos da puta e os cabelos comprados.
Todo lugar tem vento. Eu acho. Mas não estou bem certo disso.
Percebi que senhora da porta da igreja, pedindo esmolas tava lendo meus lábios enquanto eu te desejava. Mordi então os lábios. Quis expressar ganância. Ela. Acreditava também em não ser notada. Mas meus olhos corriam por tudo. Tudo é obvio e os olhos procuram. Maltratam-se e passa para a próxima, que também passa. Eu? Prefiro olhar. Tenho a poesia correndo nas veias, ainda assim, sou fútil. Tudo isso é clichê. Depois nos olhamos. Mas não nos beijamos. Não dessa vez. Voltávamos embriagados da chuva que caia. E das gotas que molhavam os cabelo encharcados da gordura forçada. Os braços que se encontravam na altura dos ombros. Entrelaçados. Únicos. E os olhos sim, que se comiam. A pele cansada esperava o momento certo. Agredia. Inundava. Depois sentia. De mãos dadas eles se sentiam juntos, mas ainda nem se amavam. E a puta? O Cheiro. Pêlos. Mãos. Corpo. Alma. Vários e vários cigarros. Noite. Céu. Chuva.
Estava todos à volta. Uns que voltavam. Outros que procuravam. Ali estavamos nós, em pé, frente ao mundo, tão pequenos perto daquilo tudo que sentiam os olhos acalmados da puta que se estranhava com seus medos.
Das unhas vermelhas ruídas e os pudores perdidos no sábado que mais uma vez gritei. Depois de sorrir. Mordemos-nos. Depois fizemos amor. Ou o contrário. E nada mais permanece inalterado.

4 comentários:

  1. Futilidade ainda e sempre serah o pior defeito que as pessoas podem haver. Muitas vezes nao parecem, mas suas açoes nos convidam que ajamos daquela forma, futil.
    Pior que ser futil, é permanecer inutil. As putas nao sao nem um nem outra coisa. Servem para que suas unhas pintadas de vermelho com tanto cuidado, acareciem aos poucos o corpo e façam de quem as usou e as pagou inuteis e futeis. As putas e os beijos nao sao futeis. Futil eh sentir que aquilo que permanecia no beijo apos o sexo permaneça impregnado na pele. Elas se lavam e vao embora.

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  2. gabs, sua poesia ta otima!! vc ta melhorando cada vez mais minini!!!

    parabéns. de verdade. mesmo.

    o modelo eh copiado mas o sentimento eh genuino!

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. "Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é possível fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada". [Clarice Lispector]

    Simplesmente te amo!

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