SAEZ, Damien : « […] Des concerts en sourdine où je chante ton nom pour oublier le mien. Pour oublier un peu que toi, tu n'es pas là quand l'hiver se fait rude. Que je n'ai plus que moi avec qui partager ma propre solitude. […] Moi, je fuyais l'amour parce que j'avais trop peur, oui, trop peur d'en mourir. Mais à trop fuir l'amour, c'est l'amour qui nous meurt avant que de nous fuir. »
Ouviu seus gritos.
Colocou os óculos mais perto dos olhos pra deixar de ver embaçado. Caminhou sem firmeza nos pés. Quanto mais próximo, mais distante os gritos que se perdiam entre um suspiro e outro.
Na tentativa inútil de matá-lo, corria a poesia pela sua veia. O sangue era vivo. Vermelho intenso e manchava o lençol branco que secava ao vento.
Fechou a porta com voracidade, impedindo que os sonhos escapassem. Era inútil. Foi inútil. Ele desistiu de sonhar depois de perder a voz.
Ele perdeu a voz. Perdeu a consciência e vagava entre um toque e outro do piano.
Sem entender, ele sentia.
Parou de sentir e foi sentar do lado de trás da porta. Lá onde ventava. Fechou os olhos e sentiu a primavera, que o vento insistia em esfregar em seu rosto.
Fechou os olhos e conseguiu ver o outro. Sofreu pela décima primeira vez. E pela décima primeira vez enxugou as lágrimas antes mesmo delas escorrerem em sua face.
Perdeu os sentidos e aumentou os decibéis. A música invadia a alma. A alma, por sua vez perdeu o fôlego na tentativa de pedir socorro.
Dessa vez ele não conseguiu enxergar o outro e percebeu ausência.
Tropeçou nos sapatos velhos deixados no caminho.
Eram concertos surdos, cantava o nome dele pra esquecer o seu.
Sentia o frio das noites quentes quando ele não estava por perto.
Fechava os olhos tentando ser exato, tentava esquecer a racionalidade e pensava nos lábios que há tempos não sentia.
Grudou as pontas nos dedos nos cabelos caídos em frente aos olhos, abaixou a cabeça procurando escrever uma historia nova, menos exata, mais intensa e sem barreiras. Era em vão. Não sentia. Não era capaz nem ao menos de controlar sua respiração. Os dedos não corriam na velocidade dos pensamentos.
Era o fim daquilo que criou. Do monstro de si que conseguia ver através do espelho mesmo com as luzes apagadas. Pensava no amanhã como aquela fome de amor que sentira a instantes. Abriria a janela em vão, o vento não retomaria o mesmo curso. Nem ao menos as musicas o tocariam da mesma forma.
Faria amor com o silêncio e em silêncio se entregaria ao vento, esperando ventar.
Tentava diminuir um pouco da intensidade da luz que o cegava. Era em vão. Era amor, dor, vontade, tudo junto.
Tinha vontade de cortar o peito e arrancar com as mãos o outro. Mas percebeu que Era o outro inteiramente e que não podia mais fugir, sabendo que já não tinha mais forças para andar.
Fechou o olhos pela décima primeira vez esperando ser tocado nos lábios.
É... O vento. Lá fora.
ResponderExcluir