Eram redondos e profundos os olhos. Quase
que inabitados. Eram ausentes.
Sentiu calafrio esperando ventar.
Os dedos dele percorriam face às minhas
ancas. Eram dedos libidinosos que se escorregavam nuca abaixo. Perdidos.
Os dedos do outro percorriam sua face,
tentando entender até onde aqueles traços apaixonantes o levariam. Sentiu medo.
Tremia. E nada aconteceu.
Os dedos. Ele. D’Eles.
Preferiu a fuga. Nunca admitiria ausência.
Cansado, indagaria tristeza. Colocaria
culpa no clima quente que lhe afagava a pele.
Eram todos diálogos desconexos numa espera
mutua que jamais os levaria a algum lugar.
Ele achava que o outro sentia demais. De
fato sentia. Sentira. Vai sentir. Eram ausências e presenças misturadas no
mesmo diagrama. O toque de forma inesperada. Num gesto onde não se sabe onde
vai chegar.
O outro é realista nas palavras. Mas as
mesmas se perdem ao expressar daquilo que sente.
Sentia algo como medo e insegurança. Mas
deixava de sentir quando mais precisava.
Juntou os cacos espalhados pelos cantos esquecidos. Juntou todos. Espalhou em outro novo canto qualquer. Canto esse, que logo seria a base para um novo esquecimento. Sentiu. Sentiu. As lagrimas ardiam-no os olhos. Mas não caíram.
Juntou os cacos espalhados pelos cantos esquecidos. Juntou todos. Espalhou em outro novo canto qualquer. Canto esse, que logo seria a base para um novo esquecimento. Sentiu. Sentiu. As lagrimas ardiam-no os olhos. Mas não caíram.
O sono repartido tentava cegá-lo. Era
inutilmente vasto. Mergulharia dentro de si para encontrá-lo quantas vezes
fosse preciso. Algo dele ainda haveria de estar por lá.
Levantou. Ergueu-se daquilo que ousara
chamar de raiva. Numa tentativa frustrada de fingir que não haveria amor. Mas
tinha. De amor. Viveu. E de amor. Vive. Por amor. Sentiu. Pela busca. Tentou
ser. Tentando ser. Invadiu. Invadindo. Perdeu-se.
Meio como quem tromba nas próprias pernas.
Travestiu-se de coragem e foi enfrentar-se junto ao espelho. Gritaram-se. O eu
de dentro e a casca. Não se entendiam. Definitivamente. O eu de dentro era
emoção demais. A casca despida de afeto feriu. Aquilo que o outro chamaria de
amor.
Eram palavras. Construções. As cenas
estavam todas preparadas. Embora o protagonista. Embora.
Enxugou o que o outro chamaria de lagrima
com as mãos que o ousara tocar. Desmediu-se entre o lençol desbotado e tentou
ser.
"Tentou ser. Tentando ser. Invadiu. Invadindo. Perdeu-se."
ResponderExcluirDamaris
A luta das emoções e sentimentos é constante com cada pensamento pulsante. A pele sente e transporta sensações incríveis... A mente edita cada sentimento a ser expelido e afoga toda e qualquer semelhança com a dor! Não querer sentir vazio e dor é prático, mas ineficiente. Ele aparece, ela retorna e tudo se transmuta no pior dos pesadelos... A perda!
ResponderExcluirA solidão não é necessariamente incompleta, mas engenhosamente tranquila. Até o momento em que o outro se aproxima, o novo que desperta sensações e atitudes, vontades. Relembrando o velho... a solidão se faz incompleta e receosa de que nada mais será... apenas tentará ser. MARVANDO