"Sempre as mesmas desculpas
E desculpas nem sempre são sinceras
Quase nunca são
Preparei a minha tela
Com pedaços de lençóis que não chegamos a sujar [...]."
Do que viveram e daquilo que se escorre entre os dedos.
E desculpas nem sempre são sinceras
Quase nunca são
Preparei a minha tela
Com pedaços de lençóis que não chegamos a sujar [...]."
Do que viveram e daquilo que se escorre entre os dedos.
Não. Não era falta de entendimento. Fazia
falta mesmo quando era presente. Era de fato mais falta do que presença.
Era talvez inconstante na forma de amar.
Haveria amor se assim ousasse ser.
Fizeram planos sem razões exatas pra ser. Tentativa fugaz de autoconstrução. Como aqueles em que juntos dão o primeiro passo. Ou pelo menos deveria ser assim.
Fizeram planos sem razões exatas pra ser. Tentativa fugaz de autoconstrução. Como aqueles em que juntos dão o primeiro passo. Ou pelo menos deveria ser assim.
As incertezas tornaram-se constantes
presentes. Foi quando ele se perdeu. Fizeram-se, portanto juras inevitáveis no
vazio daquilo que acreditava ou acreditavam ser. Entre as, acreditaram além
daquilo que puderam ousar.
Nada resta além do que é fato, tudo de fato
vira hipótese. Mas e o que foi de fato compartilhado? Qual era a parte em que
combinaram de se esquecer? E o que na verdade se esquece?
[...].
Ele abria os olhos depois de sonhar. Caberia talvez toda a forma de amar dentro da insegurança do outro. Carregava em si o preço de ser exato.
Ele abria os olhos depois de sonhar. Caberia talvez toda a forma de amar dentro da insegurança do outro. Carregava em si o preço de ser exato.
O outro sonhava mais com o presente.
Acreditava piamente nos segundos de inexatidão que julgava por ser eterno.
Sonhava com o presente, que é o que se tinha nas mãos. Além da exatidão da
espera.
Era. Seriam talvez. Constantes. Se assim
fosse. E se assim fossem. Abraçaram-se acreditando num amanhã pouco menos denso
e bem mais próximo.
[...].
Entrelaçaram-se entre as pernas como um suspiro aliviado. Como se ali, firmassem de fato. Algo de concreto.
Entrelaçaram-se entre as pernas como um suspiro aliviado. Como se ali, firmassem de fato. Algo de concreto.
[...].
Ventou. Abriu os olhos no momento errado.
Havia demasiada luz envolta. O sol era constante em sua pele. Afagou-se por
inteiro. As marcas eram nada perto da intensidade do que sentira naquele
momento. Como quem está à beira da morte sentiu. Desesperadamente o filme que
se passa na cabeça. Lembrou dos olhares. Dos desconcertos. Aquela primeira
piscada. Até mesmo quando que, num gesto de confiança se afagou nos braços do
outro com medo.
Se lembrou da tonalidade dos seus olhos enquanto a lua banhava sua face. Seus olhos redondos, caramelizados. Doces. De uma fundura inexplicável. Caberia ali o mundo todo. Mas não poderia ir além. Havia ali o medo. Muito medo do próximo passo.
Se lembrou da tonalidade dos seus olhos enquanto a lua banhava sua face. Seus olhos redondos, caramelizados. Doces. De uma fundura inexplicável. Caberia ali o mundo todo. Mas não poderia ir além. Havia ali o medo. Muito medo do próximo passo.
Como quem precisa se encontrar. Deixou
dessa vez que o sol o cegasse. E pela ultima vez sorriu por eles. Pelo que
viveram. Pelo eterno de busca que fora interrompido. Despiu-se de si. E sem a
casca paralisou.
O sol queimava forte em suas costas. Ele
nada entendia. O que seria amor. De fato?
Não havia espaço pra raiva. Tristeza.
Destreza. Solidão. Estava fechado. Nada mais por ali passava. Estava estático
daquilo que o afligia.
Era tempo de partida. Era tempo de seguir
adiante. Mesmo se as justificativas não condissessem com tudo o que fora
sentido. Mesmo que não houvesse justificativas para um fim. Ou para o que quer
que seja. O que quer que fosse.
Ele não se entregou ao mar. Como aquela vez
que sentiu através dos lábios do outro o salgado daquelas águas gélidas. Não
havia falésias. Nem ondas quebrando a borda congelada daquele eterno. Ficou
ali. Como quem se estira na linha do trem esperando. Algo que não sabe da onde.
Os trilhos eram de uma voracidade imensa. Embora enferrujados. Por ali não se
passava nada. E por nada se foi.
Sentia areia entre os dedos. Indagava a si
próprio as questões do outro. Como se houvesse conserto. Buscava na areia
quente um pouco de si. Cravava os dedos entre as conchas úmidas tentando buscar
no âmago o amparo pelo qual fora desprovido.
Pouco restara. Como todas as outras vezes.
Ficara sempre com o pouco de bom que havia em si. A parte boa é a que compartia
com o outro. Os fatos. De fato.
Deveriam existir. As razões só não foram
ditas. Talvez por medo. Vergonha. Ou sei lá o que. De fato. O que ficaram foram
as meias palavras. A metade do percurso.
Derrubou as lagrimas que pôde. E não pôde.
Fingiu que aquilo fazia parte de si. Mas não haveria espaço para a dor. Fora
pego tão de surpresa que de fato nem as lagrimas pode ousar.
Temperou seus anseios com a brutalidade e o
egoísmo do outro. Sentira-se um animal expulso entre meio há tantos outros. Não
do que fora dito. Não do que fora ou deveria estar sentindo. Mas da forma ridícula.
Idiota. De fato. De como as coisas ocorreram. Sentiu-se estúpido por não
revidar. Mas não haveria espaço para mais.
Encontrou-se com seu próprio equilíbrio. E
por ali ficou horas a finco tentando outra vez buscar respostas às inquietações
do outro.
Sentiu-se livre e ousou voar.
Fingiu que aquilo fazia parte do que tinha
ali de fato pra sentir. E como quem não espera trocas, temperou os anseios com
a mortalidade do que foi bom de fato e do que restava “pra sempre”, dentro de
si.
Estava sorrindo. Quando fora interrompido
pelo trinco da porta. Precisava de silêncio. O barulho estagnava os pensamentos
que lhe ocupavam mais do que deviam de si. Precisava fugir com aquilo e por
ali. Sem nem pensar duas vezes saiu por outra porta. Diferente daquela que entrava.
Mesmo que no ambiente houvesse apenas uma. Criou a sua e partiu. Em busca de
silenciar o que lhe afligia.
Debruçou-se no assoalho avermelhado, riscou
mais forte as letras no papel reciclado e decidiu que ali colocaria mais um
ponto. Acreditou naquilo que se pode tocar. Não passara ninguém ali. Tinha o
exato silêncio que precisara. Embora o mar agitado batesse na janela ao lado.
Nada viu. Nada sentiu. Concentrou-se em si e ali ficou por segundos eternos até
encontrar a saída. Um novo parágrafo pra sua vida. Que agora seguia sem o
outro.
Era instável demais pra ser. E não da pra
sermos se somos sós. Era de certa forma, tudo aquilo que esperava de outro. O
ciclo natural. A cadeia alimentar vingou-se da plenitude que sentira e fez
ventar em seu castelo de areia. Sentia escorrer pelos dedos e nada pôde fazer.
Doía. Latejava. Não havia posição exata que o tirasse aquela letargia.
Precisava sentir-se livre para ventar. E
por ali ficou até que os pensamentos vagassem para outros ares e pudesse se
sentir mais leve.
Jogou água fria nos olhos que ardiam. De
nada adiantou. Fechou os olhos e entendeu que se nada pôde fazer é porque não
havia nada que pudesse ser feito. Ou que pudesse ser dito para mudar os fatos.
E de fato. Ou por falta. Ou mesmo por amor.
Fugiu do outro. Fugiu de si. Por instantes. Fugiu de tudo. Ou finalmente se
encontrou.
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