Parado. Ônibus tremendo. Chacoalhando. Na verdade. A letra. Mais ainda. Hoje ganhei um broche. Significados. Uma teoria. Vida. Ou parte dela. Interrompida. Início. Dor. Sangue. Sempre muito. Muito sangue. O novo. Esculpindo essa dor. E mãe. Amor. Quanto amor. Junta as peças e se dá conta disso. Gratidão. Bem mais que isso. Sei lá. É real. Amor. Fez vida. Hoje. Parte de mim. Ontem. Também. E não é de agora que me dei conta.
Pingente. Anel. Conversas. Lembranças remotas. O não vivido. Como é difícil. Esquecimento. Maquiagem. Dor. E sigo em frente...
Sai atrasado. Coloquei o cachecol vermelho. Do Otavio. Não importa. Me dá força. Um pedacinho dele. Tenho que cuidar. Não posso lavar. Mas que negócio é esse? Conversando comigo mesmo. É preciso. O Rodrigo sempre dizia. É. Especial. Do Otávio. Da Holanda. E por ai vai. Deve ser lindo por lá. Amanhã. Quem sabe. Foi lá que fiz planos de viver um grande amor. Hoje. Escorreu pelas mãos. Falta. Sobrevivência. Dor. Muita. Sempre.
Minha irmã chegou logo depois de mim na rodoviária. Suspirando fundo. Os olhos. Grandes. Deu tempo. Não perdi o ônibus. Existia algo por lá. Que só pude descobrir no final dessas linhas. Ganhamos. Do tempo. O Ônibus parado. Ainda parado. Já devia ter saído. Mas todos se atrasam. E ele? Está acabando a bateria do celular. E a minha. Mas o que menos importa é isso agora.
Iluminado agora. A luz que faz sombra, traço linhas pela metade, tentando juntar os pedaços. Esperança. Um inteiro. Metade cheio. Metade vazio. Dizia ela.
Meu pai. Nervoso. Virginiano. Preocupado. Organizado. Eu. Nem tanto assim. Tento manter a calma. O que me restava. Respira fundo. Diria ela. E. Falando dela. A perna pode estar doendo. Copo de água. Remédios. Mãos tremulas. O cachecol dando apoio aqui. O tênis incomodando. Do outro lado. Me sinto acompanhado. Pelo medo. O telefone toca. Ela tava mesmo pensando em ligar. Eu dei um toque antes. Ela ligou. Eu acredito. Nela. Nela eu acredito. Na dor. Na dor. Não. Conversa. 7 minutos. Passaram como segundos. Quando estamos juntos o tempo passa depressa. Pelo telefone então. Isso se duplica. Saudade. Saudade. Não existe outra palavra mesmo. Ainda não sei quando voltarei a vê-la.
E falamos do ontem. Como fomos felizes e rimos. Minha mãe. O telefone. O hoje. Dia bom. Passamos juntos. O melhor dos dias. Motivos para rirmos e sorrirmos de tudo. Ela me da à alegria. Em dobro. “Só as mães são felizes”. Diria. Cazuza. Aqui não. É diferente. Pelo menos hoje. Hoje. A proteção.
Tempo. Dono da razão. Seremos amigos agora. Minha mãe. E eu. Incontáveis diferenças. Em comum. O amor.
E o Rodrigo. O telefone. Eu. Saudade. Nervoso. Não pude ligar. Estava atrasado. O ônibus. Poderia tê-lo perdido. Aprendi. Amigos. Pra isso mesmo que servem. Ombro. E estão ai pra isso. Bem mais que isso. Da família. Desespero. Ligo. Broncas. Ergue a cabeça. Muleque. Ponto de equilíbrio. Confiança.
Passei por horas medindo a intensidade da minha dor de cabeça. E que não venha. Quero. Preciso. Vou. E vou escrever. Crianças não param. Essa da frente. Intolerante. Fazendo o papel dela. Incomodando-me.
Ele estava lá. Na rodoviária. Não vi. Mas estava. Senti-me importante por isso.
Planos. Nada seguros. Pelo menos por enquanto. Acho que depois piora. Entregues ao acaso. Quem sabe. E o telefone toca. Uma nova mensagem...