“Ainda é cedo, amor [...].”
Eram misturas daquilo que ficara pregado na
pele e com o novo que fora sentido. Eram de fato. Novos sonhos sendo criados na
intensidade em que eles se beijavam.
Não se sabe ao certo quanto tempo de fato é que não se viram.
Não se sabe ao certo quanto tempo de fato é que não se viram.
Encontraram-se ali. Dessa vez, com as
cicatrizes velhas repostas e aspiração de seguir, de forma distinta.
Preservada. Numa intensidade sem interrupções.
Não encontraram barreiras. Tampouco as
criaram. Seguiram. Como quem pisa no mar pela primeira vez. Aquele frio na
barriga de um primeiro dos muitos encontros que estiveram por vir. E que de
fato. Criaram aquela sensação de que o mundo pararia no exato instante em que
os lábios discorressem numa mesma tonalidade.
Era noite quente. De verão. Como todos os
bons romances daquela época.
Sentiram-se renovados. Como se dançassem ao
som daquela musica há tempos e soubessem sincronizadamente onde e quando se
deixar evadir e firmar os pés no chão.
De fato era um novo homem. Os mesmos olhos.
Talvez pouco mais profundos que da ultima vez. Carregando consigo todo o sinal
de vivência. Carregando consigo o outro. Que de fato o carregara também durante
todos aqueles anos que ensaiaram o encontro perfeito que nunca era tempo de
ser. Haveria o momento certo, exato para as coisas ocorrerem de fato e assim
findou.
Torceu seus braços pra contornar e apertar mais o cinto já gasto pelo tempo. Dessa vez não reparou na distancia. E como de costume aumentou o volume no som exato pra que nada atrapalhasse aquele percurso. Não havia tempo de espera, nem delongas. Era aquele friozinho na barriga presente. Nada daquilo o incomodaria. Seguiria sendo, não importava quão grande e distinto seria o próximo passo.
Torceu seus braços pra contornar e apertar mais o cinto já gasto pelo tempo. Dessa vez não reparou na distancia. E como de costume aumentou o volume no som exato pra que nada atrapalhasse aquele percurso. Não havia tempo de espera, nem delongas. Era aquele friozinho na barriga presente. Nada daquilo o incomodaria. Seguiria sendo, não importava quão grande e distinto seria o próximo passo.
Caia a chuva espaçada no pára-brisa. Trocou
a marcha até escutar o barulho do motor. A música calava tudo o que havia do
lado de fora. Ficara só. Exatamente só com o lado bom do que queria naquele
exato instante. Afinal vivia sonhos sem intenções exatas. De uma forma onde o
outro se sentiria afinal, livre, pra ser aquilo que se ousa ser quando se é
feliz.
Já sabiam onde as mãos deveriam se apossar,
mesmo sendo o primeiro contato físico. Apertou-o contra o peito.
Indagaram-se. Numa espera a entender-se do
outro tudo o que se passara até então. Estavam ali. E tudo acontecia de forma
natural e suave. A forma como se olhavam e o brilho nos olhos deixavam aqueles
sorrisos indiscutivelmente presente entre eles.
Pediu um café. Teria pedido outro se não
fossem tantos os olhares encorpes.
Saíram dali. Entreolharam-se perdidamente. Como
quem buscasse um horizonte onde fixar as vontades que o traziam até ali.
Falaram-se ininterruptamente. Entendiam-se por vezes nos olhares. Embora as
palavras, havia coisas das quais, se foram apenas sentidas.
Contornaram ruas entre as diversas praças
que havia.
Estavam ali, parados, pouco abaixo duma
arvore qualquer, mas isso não trazia a menor importância.
Fora dessa vez, tocado no âmago. De uma
forma cautelosa, simples e doce.
Os dedos entrelaçaram-se entre os fios de
cabelos ainda úmidos, nenhuma palavra foi dita. Sentiu-se ali. Afagado.
Entreolharam-se. Como nos outros diversos
instantes em que não se ousaram. Aproximaram os lábios. As mãos sobrepostas ao
pescoço. Fora tocado.
Sentiu tanto que fora capaz de estar ali
absolutamente. Estava repleto de si e do outro. Da essência que lhe fora trocada.
Dos lábios acetinados e doces que invadiam de forma sutil o interior daquilo
que não fora buscado, mas se pode sentir.
A forma como eles apoderam-se um do outro
fora estendida pela acalmada pela brisa breve. Pegaram-se entre os braços pra
sentir. Eles se, pela primeira vez.
Acelerou o carro. Dessa vez não aumentou o
volume do som. Pouco importava o resto. Queria estar ali. Inteiramente. A
realidade da busca fora sentida no instante exato em que se apoderava do outro
e se deixara levar.
Passaram por outras praças que viriam a
fazer sentido numa outra historia qualquer. Mas ali, dentro do que estavam por
viver nada mais importava.
Era como se o outro fosse ele mesmo e não
precisasse de nada que o fizesse impressionar. Gostava demasiadamente do equilíbrio
que tinha na companhia e por um gesto breve ousou sentir.
O barulho do motor fora interrompido,
juntamente as luzes que se baixaram na medida exata do que precisavam e do que
estavam por repartir. Eram ali, dois corpos numa magnitude em que se percebe. Tentando
se ousar invadir na essência do outro.
Sentiu o primeiro toque nos lábios,
enquanto o seu corpo era coberto de torpor. As mãos escorregavam na medida
exata do que precisava ser sentido e os corpos estavam ali apenas como intermédio.
Para que eles pudessem viver.
Invadiram-se de forma a entender-se um ao
outro. Estavam atenuados pelos pingos da chuva do lado de fora que nem se afoitaram
pra qualquer acepção que fosse. Eram ali. E todo o resto não importava. Eram
como se ali, difundissem todos os devaneios em que sonharam outrora juntos. E
que confinantes seriam de tal modo. Um ao outro o que ousaram a si.