"Parfois, la vie exige un changement. Une transition. Comme les saisons. On a eu un printemps merveilleux, mais l'été est fini et nous avons manqué l'automne. Tout d'un coup, il fait froid, si froid que tout se met à geler. Notre amour s'est endormi, et la neige l'a pris par surprise. Et si tu t'endors dans la neige, tu ne sens pas la mort venir."
terça-feira, 4 de outubro de 2011
Ar seco.
terça-feira, 20 de setembro de 2011
Afinal,
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
A fuga
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
"Fazia frio, nevava em São Paulo..."
sábado, 5 de fevereiro de 2011
Sintonia.
domingo, 16 de janeiro de 2011
Natureza morta.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Voie D
sábado, 4 de dezembro de 2010
pages of the evolution
Ficção é bem a palavra que evoca o novo. Alguns precisam de uma certa mudança. Já outros. Maníacos do seu próprio ego, egoístas de suas próprias faunas, criam certas barreiras contra si. Na tentativa de vingança, acabam afundando cada vez mais.
Linhas aleatórias. Pessoas. Corrida. Tempo. E como colocar em evidência os paranóicos metódicos que entram em estado de calamidade se a marca do suco de laranja reformula a embalagem.
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Evidências
Budapeste - Chico Buarque
Não faz frio, nem calor, nem o tempo se fixa, é o momento onde devemos andar na corda bamba e saltar à qualquer momento. E de repente, seja o momento de mais um sacrifício pra conseguir algo la na frente. São as experiências, principalmente as que te maltratam com maior voracidade que te fazem ser aquilo que você é hoje. O ser de amanhã pode não depender do hoje, mas sim de um não, que te foi necessário quando criança, mas que você era inotavel e precisou tomar sozinho as mais difíceis decisões da sua vida.
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Cancer.
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Não agora.
domingo, 12 de setembro de 2010
O vento.
sábado, 17 de julho de 2010
Vin Rosé.
Ja era tarde, uma tarde de domingo, havia tanto sol que ardiam os seus olhos, eram tão claros que doiam também os meus, de tão claros, chegavam a ser transparentes...
Ficava sem jeito todas as vezes em que ele arrumava uma desculpa pra me olhar nos olhos. Aqueles azuis como nunca antes haviam entrado aos meus olhos, como forma de hipnose.
Com esse mesmo sorriso largo no rosto, falamos de coisas que nos passavam na mente, como se nós nos conhecêssemos afinco, a conversa fluia e sol continuava la, perpétuo e intacto.
Não demorou muito pra terminarmos com a garrafa, talvez ambos com a pressa de poder se aproximar ao maximo e de se entregar, sentindo cada pedacinho daquele precioso tempo que percorria o corpo, a alma. Saimos de uma forma ainda mais apressada do que a chegada do local estratégico onde ele tentava de todas as formas ganhar minha atenção. Ele não sabia, mais ja tinha bem mais que isso e poderia sem pudores pular toda essa etapa. De repente, se assim fosse, passaria...
Me toca verdadeiramente essa forma breve em que o ser humano se entrelaça em outro, buscando a essência e esquecendo medos. Inflingindo a liberdade se prendendo nos braços do outro.
Ele me apertou forte, como quem pedia atenção, foi então que toquei nos seus labios pela primeira vez...
sábado, 29 de maio de 2010
Depressa.
O medo me deforma.
segunda-feira, 24 de maio de 2010
meias conversas
Ela, os labios mais doces. Ele os mais intensos. Nessa selva, o novo, o abismo, olhar pro lado e ver sol. Sem brilho, mais que queima.
quinta-feira, 11 de março de 2010
Sorri
Entre o antes e o amanha, escolhi viver o hoje. Tão presente, novo, cheio das reflexões de outrora...
Quisera eu caminhar sem esperar. A busca frequente da paz. Vontade de voar como nos sonhos de infância, que hoje ja não existem mais. Sinto falta do eu de ontem. Acho que poderia ter feito melhor. Talvez o eu de hoje pudera ajudar.
Tão bom seria se as coisas fossem ao contrario: A desilusão e depois o amor. O odio, depois o opio. A dor e o silêncio. Assim como o fogo e o carvão. Aquela gente toda, com aquelas tantas gargalhadas em meio aquele palco adormecido. Quisera eu me permitir entre os braços do vento à caminho do sol. O que resta quando não se ha mais nada à volta se não o melhor do que poderia haver, o encontro dos tres tempos, o que fui, o que sou e que poderei ser.
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
Indagações
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
Joyeux Nöel
E até sangrei sozinho
Entenda"
(Renato Russo)
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Poema rasgado: "Que seja doce..."
domingo, 6 de dezembro de 2009
Aqui ou Lá - poesia e prosa
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
domingo, 25 de outubro de 2009
Desencontros
Ele vestiu a sua melhor roupa. A que melhor que lhe cabia naquele momento. Não. Não teve a companhia do seu melhor perfume, que, aliás, havia acabado no encontro passado. Dessa vez saiu em busca daquilo que lhe parecia ser o seu ideal. E sozinho, ele saiu.
Sufocado pelo frio ele não hesitou em pegar seu casaco mais pesado.
Chovia por todo o caminho, mas o frio não era presente. A vontade de seguir. De sentir o fez pensar em ser humano.
Ele pensou em plantar um jardim, mas resolveu levar apenas uma rosa e com o sorriso despido demonstrar que veio em busca de amor.
A rosa. Os chocolates e as duas garrafas do bom vinho tinto. Confesso. Junto à esperança do novo começo, de um novo começo. Ratifico. Depois confesso.
A ansiedade que era bem maior do que a vontade de estar aconchegado naqueles braços que ele ainda não conhecia.
Sem sua capa preta de chuva ele saiu em busca de algo que lhe parecesse pleno. Por instantes se perdeu entre a vontade de ser e estar. Logo se reencontrava solitário numa daquelas ruas estreitas com nomes elegantes onde muitas pessoas, já mortas deviam também já ter passado.
Encontrava-se agora numa esquina qualquer entre o desejo de estar perto e o medo do desconhecido, que a cada segundo se tornava ainda mais desconhecido. As horas? Mais uma vez confesso estar perdido no tempo e esqueci de dizer a princípio que ele deveria ter se atrasado mais onze minutos.
Não tinha nada pra sentir, nem antes. Muito menos agora em que a espera é bem maior do que a vontade, de ser ao menos, visto.
O elevador pequeno, adaptado para apenas alguém solitário como ele, parou. Havia chegado o momento. Mas em qual das tantas portas estaria o talvez grande amor da sua vida?
Entrou meio que rispidamente e não ousou tocar em nada.
Eles não trocaram olhares. Não a primeira vista. Não. A primeira vista não aconteceram olhares perdidos. Eles não estavam apaixonados. As mãos se tocaram por encontro de um pequeno gesto de costume. Algo como quem dissesse: Seja bem vindo.
Ele se ajeitou meio que sorrateiramente no meio do sofá. Talvez tenha escolhido o seu melhor lado. E talvez ele se sentisse pouco menos denso. Pouco menos intenso. Pouco menos drástico. Pouco menos inspirado. Pouco. Menos tudo. Ele não esperava nada além das trocas de olhares sinceros em que algum momento aconteceu.
Mentira. Ele esperava grandes conversas até o amanhecer, talvez observar até que o sol retese a luz da ultima estrela do céu. Isso também não aconteceu. Chovia. Não sei se dentro ou fora dali. Mas chovia. Talvez mais dentro que fora. Era vívido, intenso e ele queria mais.
Sentia frio quando os braços lhe tocaram com certo peso e cuidado. Ele acariciava. Depois parava. Talvez pegasse no sono. Mas não. Não vou saber. E você? Quem sabe.
Ele se vestia pra partir quando resolveu abaixar a cabeça e sentir que as lágrimas correriam. Segurou firme para não chorar. De forte que era. Travestido de esse novo ser cujo coração era de pedra. Não. Cujo coração deveria ser de pedra.
Não fechou a porta e não olhou para trás, pegou seu casado pesado e entrou no mesmo elevador cujo espaço era apenas para uma pessoa. Talvez por isso ele tenha saído com os dois pés no chão. Embora ainda insistisse em querer voar. Embora seu coração batesse tão forte quando ele o tocava. Embora a poucas vezes que ousou tocar nos lábios sentiu que eram de um especial intenso. Único.
Ele partiu. E não há nada de mais, nada a mais o que sentir. Nada mais no que pensar. A não ser no momento em que possa dizer olá uma outra vez. Mesmo que os olhos não se encontrem novamente.
Numa outra vez de sentir seu coração calado bater mais forte e menos frio. Talvez de também sentir o seu corpo quente sobrepondo o dele. Talvez ele pense o mesmo. E talvez eles nunca mais se encontrem. Não há nada para acabar. Nada aconteceu. Repito. Nada.
terça-feira, 20 de outubro de 2009
O sal
A gente corre pra se esconder
E se amar, se amar até o fim
Sem saber que o fim já vai chegar ”
A história é interrompida como todas as outras.
Minha maturidade, ou o meu egoísmo, ou a mescla desses dois extremos não me permitem gritar. Esse sofrimento é cálido. Triste. E ao mesmo tempo sublime e incapaz de ser descrito.
Um vazio. Oco. Uma solidão imediata toma conta de toda a carne viva, que agora apodrece trêfega.
Algo que engole e mastiga ao mesmo tempo. Aperta o peito. Um nó dissimulado na garganta. A cara inchada e os olhos vermelhos, e as lágrimas insistem em martirizar um pouco mais. Vontade de gritar. Mas de invisível que sou, engulo cada lágrima salgada antes que escorram pelos lábios e eu seja capaz de sentir o sal.
Mas a esquete ainda não tinha terminado. Os atores estavam se maquiando no camarim. Ela saiu correndo com o batom vermelho borrado pela boca quando soube de tudo. Ou de nada. As coisas terminaram no mesmo acaso em que começaram. A dor é inevitável.
Mas com toda a força de uma vida, segue adiante. O caminho está livre agora. O fim e o começo de uma nova vida, ou a hora de sua morte.
Descanse em paz.
Depois, sorria.
“Abre a janela agora
Deixa que o sol te veja
É só lembrar que o amor é tão maior
Que estamos sós no céu...”
terça-feira, 29 de setembro de 2009
O ataque
Do lado de lá ele brilha talvez pela ultima vez aquele homem. Tão carregado da idade que o fragiliza. Que a falta de esperança se transforme na paz que deve ser precisa.
Não há armas pra brigar com o tempo. Discutimos com o espelho que nos insiste em mostrar uma realidade cada vez mais morta. A morte das emoções. A morte de um amor. A morte da própria pele que desce ralo a baixo a cada banho.
Essa noite, que a água leve embora metade daquilo que seja.
A equidise necessária. A dor. A perda. Sempre a perda.
E nesse mesmo tom. Na mesma nota. Perco o sono todas as noites pensando em um novo dia que vem a seguir...
A cada dia menos sol. Menos oportunidade para estar perto. E vai se perdendo. A roda do carro vai deixando seus rastros pela estrada enquanto ele canta com toda a dor pra mostrar uma nota maior, que expresse a esperança. Mesmo que morta.
Diga adeus. Depois me beije. Ao partir que deixe a saudade. A falta. Que eu pense em você como o começo e meio. O fim deixa para quando a canção acabar.
É mesmo. Não estarei no momento de mais dor. Não. Não estou ao lado. Como egoísta que sou. Deixei passar. Pra viver o novo olhar. A nova forma. Os novos olhos. O novo ser que acordará amanhã. No momento estou preparado somente para a nostalgia.
Aprendi a morrer a cada dia. Mas não aprendi aceitar que morram. Aceito a minha equidise. A dos outros não.
Ele parte. E se apaga mais uma estrela do céu.
Não sei mais no que pensar. Devo ligar? O que eu faço? Vou correndo em busca de um ultimo abraço? Vai ser em vão.
E depois, qual a imagem que ficará em minha mente? Vale a pena?
Prefiro a covardia a dizer a verdade.
Talvez escute a minha voz e saiba que estive presente ali. Mesmo que ausente.
Mas não. Acho mais importante. Levar comigo o seu nome. Pra que se difunda ao mundo. Se esse será o seu presente. Assim serei. Digo de carregar a geração adiante. Num ré maior de dor. Prefiro que respire lentamente pra não se cansar. Dói demais. E quem fica? E quem cantará a sua canção favorita? E o perdão daqueles que nunca souberam o valor de amar?
Tanta euforia e as pessoas esqueceram-se de pedir a benção e a perderam pra sempre.
Aumenta o som. Se entregue a equidise. Sofra tudo o que for necessário.
Vista sua roupa negra e aguarde o fim. Morra e me leve junto com você.
A cada morte, uma nova nota criada. Surgem as mais estranhas coisas para que o tire de cena.
E eu, cada dia tenho mais certeza de que o tempo passa. A cara muda. Mas a essência não. Estarei longe do seu lado. Perdoa-me, mas o pássaro recusa-se de voar em busca do calor. Prefere enfrentar o inverno que estar por chegar. E se resistir ao inverno. Será mais forte.
Qual seria a ultima vez que viu seus olhos azuis no espelho? Mais que isso, quando foi a ultima vez que sentiu os dourados raios de sol deitar sobre o jardim...
É um misto de fracasso e conquista. Buscarei as forças pra seguir adiante ao nascer do sol de enfeite do lado de cá do oceano.
Brevemente olharei diretamente para o sol e não poderei mais sentir seu calor.
A partir de agora, unicamente peço que respeite esse meu silencio. Essa euforia sufocada e esse medo de seguir adiante.
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
nostalgie
Resolvi colocar um ponto, virei para o lado, mas não dormi. Minha mente pairava sobre a falta de razão de ser e entre a vontade de estar. Ele não estava mais ali. O retrato esquecido se apagou com o vento e a chuva. Eu não posso mais. Ultrapassei os limites e ajudei o tempo destruir o que poderia haver de bom. Uma mistura de saudade e vontade sair correndo (pra não mais voltar). Uma distração e cortei o dedo, desisti de tocar piano. Não é amor, assim eu espero. Deve ser desespero. Vontade. Indefinido.Tudo se mistura a vontade de ir adiante e o medo de precisar olhar pra trás. O tempo. A alma. Tanto desperdício para uma construção que pode dar em nada. As horas se passam e a nova rotina consome. Tanto sono desperdiçado. Abraços inalcançáveis e apelo. Vejo fotos pra sentir mais perto. Quando percebo já estou colando-as no mural dos sonhos. A vontade de apertar, feito criança na terra. Sem medo. Afinal, sei lá o que se sabe. É intenso, sempre foi.À hora é essa, os poetas estão perdidos e eu não sei mais o que fazer. Leio as linhas tortas rabiscadas no vidro empoeirado do carro. A chuva não apagou. Mas a caligrafia não é a materna e aqui não há tradução para a “saudade”. Acho que é mesmo pra esquecer o significado. Penso em você, no desencontro, no retrato mal tirado pregado na parede torta.
sábado, 5 de setembro de 2009
Ao entardecer
domingo, 26 de julho de 2009
Gritos.
Ensurdecido, chorava e não podia falar. A respiração aturdia e aclamava todos os pontos que ali havia.
A roda-gigante colorida girava. Eram quarenta e dois degraus. Com toda a certeza de que eram. Ali, todos misturados junto à carnificina exposta dessa gente imunda. A sala cheia. E a platéia surda que gritava. Interrompiam em um dos cantos os que se tocavam. A menina se cortava enquanto a fumaça formava as bolhas displicentes de agonia. Todos envolvidos pela fumaça branca que se espalhava.
Não sabia qual era mais as cores dos teus próprios olhos. Na verdade nunca soube o que lhe fazia acalmar o espírito, enquanto os demônios aplaudiam a orquestra surda que o calava.
A orquestra falava enquanto a platéia cantava. Todos juntos quando a semântica fora perdida no terceiro degrau do segundo andar. Tropeçava embriagado pela sua própria saliva e o torpor que agredia fazia com que as coisas pairassem no ar e a banda pausadamente interrompia a cena.
segunda-feira, 20 de julho de 2009
Cobertor.
Ele rasgava os papéis antigos sem pensar em nada. Perdido na esperança de encontrá-la novamente como no ontem, onde nada tinha se alterado. Ausente o ego antes priorizado. Agora as lembranças do café que deixaram de viver juntos no domingo à noite...
As coisas estavam em desordem, e ele pensava em se atirar pra perto, ela, buscando uma maneira de não pensar em nada e fugir.
As malas não estariam prontas para a partida sem o lenço branco pendurado na madeira escura.
Ainda sentia o cheiro dela por toda a parte. Atormentado com os pensamentos não pôde dormir. Pensava tão fortemente nela que seu coração machucado, na ânsia de bater mais forte o fazia gritar...
Os verbos tão distintos. O abraço foi rápido, quase que os corpos não se tocam, ele insiste, ela corre.
A imperfeição faz das coisas comuns. Ambos sofrem. Juntos, eles se evitam. Porque amar é tão complicado? Porque as pessoas são tão diferentes a ponto de não poderem firmar seus ideais sem agredir.
Que ela estaria fazendo agora sem ele? As coisas estavam acontecendo a todo instante enquanto ela o deixava partir... A complexidade de aceitar que as coisas são distintas munidas pela cultura do falso moralismo transgredido pela descendência morta de preconceitos e doenças dos olhos e ouvidos não a deixava aceitar que o amava sem medo. E na verdade o medo era algo externo. A pele áspera que só os outros veriam.
Ela o evitava olhar nos olhos, enquanto ele a buscava seduzir pela voz triste, era inevitável morrer novamente.
Fora a equidise acirrada, sentiriam os dois na verdade a mesma história com pontos distintos. Mas nem um dos dois abririam mão de suas razões. Um por viver aquilo que a sociedade impõe. O outro por infringir essas tão aclamadas imposições.
A escolha por ser feliz era quem falava mais alto e ditava as regras. Ela, o tentava moldar, na falsa esperança de que o transformaria em argila, mas em vão, quanto mais água ela punha, mais a areia fina escorregava pelos cantos...
Era noite e ele sentia frio enquanto rascunhava seus versos tristes, compostos pela angustia de não poder tocá-la com a mesma liberdade. Coberto pelos desejos era incapaz de adormecer...
O corpo cálido à esperança que morria a cada batida forte que sentia na respiração descontrolada.
“Se és capaz de arriscar numa única parada, tudo quanto ganhaste em toda a tua vida. E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada, resignado, tornar ao ponto de partida.”
terça-feira, 30 de junho de 2009
Dualidade
Arranca o carro com força procurando por sobrevivência. Não havia outros meios se não declarar que havia perdido. Os sonhos. As noites em que perdia o sono sorrindo. Tanto que cantava enquanto sorria. Agora se engasgava com o abismo criado por Ela.
Por quantas vezes mais terei de passar por aqui caminhando pelo inverso aos meus desejos?
Partir-se ao meio em busca de algo que nem ao menos nasceu? Nessa terra de gigantes nada se planta. As coisas estão maquiavelicamente planejadas. E por isso perdem-se o controle. Comprimidos entre meio a intolerância e Ele não pode mais.
Entretanto Ela parecia pouco mais tranqüila como quem sabe o que faz. Ele, partia do: Nada sei.
Intercala um sorriso com a lagrima que escorre, entra no primeiro táxi que aparece. Me leve ao inferno, aqui eu não volto mais.
O narrador chega completamente atrasado, perdido, força a porta e entra. Os pingos gelados da chuva estão pela casa. Arrasta-se até o primeiro sofá que encontra à espera da personagem principal. Na verdade à espera que algum super-herói saia de uma revista em quadrinhos qualquer e voe em sua companhia quarto andar a baixo. Enquanto pensaria no que fazer com Ela. E com Ele.
Ela chega, o narrador se esconde. Ela vai até a varanda inexistente para fumar o cigarro que nunca comprou.
Ele pára no primeiro bar. Após o efeito que o arranque do carro que lhe causou à cabeça. São feridas fechadas. Ninguém vê. O narrador é que sabe, mas conta a história a seguir. Dessa cuida Ele.
Já com o maço de tabacos que Ela fumaria, no bolso.
A campainha toca agressivamente incômoda.
O narrador sai correndo de cima do sofá pra entender o que se passa.
Umas das mãos doem. Mas ninguém sabe de quem é a mão.
No terceiro toque Ela passa por cima do narrador e nem percebe. Abre aquilo com a voracidade de quem está perdida entre ruas escuras.
Com passos largos Ele sobe ao quarto andar e lhe entrega o maço. Sem palavras, sem lágrimas. Ainda branco Ele invade a cena procurando por equilíbrio.
O narrador chega atrasado. Perde a cena principal esperando a inspiração que andava pela rua a vagar aos becos procurando por Ela.
Ela fuma enquanto Ele come os cigarros.
O tabaco acaba antes mesmo de o narrador interpretar o próximo esquete.
Abraçam-se: o narrador e Ele enquanto Ela pegava as chaves do carro interrompendo-se pelas escadas com seu salto fino.
O barulho era tanto que Ela se viu obrigada a tirar os saltos. Andava como quem buscava o sol no meio da noite. Chovia. Mas não molhava. A pele doente absorvia a dormência dos atos.
Ele se pos a correr logo em seguida. Mas o narrador o segura pelas pernas. As lágrimas escorrem. Perdi.
Ouve a explosão de fato.
Os olhos não mais brilhariam mais naquela noite. O narrador cansado de morrer, tirou Ela de cena.
Ele se sentiu tão só que nem ao menos se deu conta que já se passavam mais de quatro meses.
Partiu em busca de paz.
O silencio foi constante, o narrador agora podia declamar quanto quisesse. Mas sem platéia não haveria e não. Não houve grandes aplausos.
A platéia estava cálida esperando pra saber do final trágico.
Ele volta à cena anterior e o apunhala o narrador pelas costas.
O sangue derretia-se sobre aquele texto mal reproduzido. Enquanto a platéia cantava em memória a Ela.
sábado, 27 de junho de 2009
calor
engolimos a fumaça dos cigarros dos outros, nunca a podemos tragar...
São seios, rosas e melancolia.
Condeno sim, as mulheres, que se acham humanas e são putas,
Elas não conseguem com o corpo aquilo que se precisa de alma.
Mas de alma, nem mesmo as putas entendem.
É preciso desviar os olhos para seus pudores,
arregaçar a blusa e mostrar mais os peitos.
Assim, não sei mesmo se vale a pena,
São umas, muitas vezes duas as tentativas,
Depois, esquece.
Mas não, despe-me com os olhos e põe-se a lamber a cara,
Cheira as minhas coxas como um cão louco à procura de carne,
Roça me com a alma.
Depois morde-me os lábios pra eu saber tuas intenções,
Sinto falta de falar, da falta de pudor,
Quero os mesmos laços das mordaças que comem as putas,
Bata-me na cara, cuspa seus desejos,
Juntos na cama adormecemos,
Molhados com o que resta do corpo faminto,
Do meu e o teu.
A dormencia que consome,
Pega me no colo,
depois, no sono.
Deixa esse cheiro bom invadir,
assim..
terça-feira, 19 de maio de 2009
O bar.
O mundo à volta que se comia. Ninguém notava. Corriam os olhos na gota de suor da moça que a afligia. Sentia a libido a flor da pele. Tua alma agora é quem sentia. Aquilo fazia parte dele. Suspirava profundo a cada gota não atingida.
Ele nem ao menos sorriu. Esticou o seu punho esquerdo e já se entendia do que precisava. Mesmo copo. Mesmo vinho. A oxidação da saliva ao copo demonstrava o fogo de seus olhos.
Pessoas ao fundo cantavam sua origem. Perdiam-se. Retomavam aquilo que haviam deixado para trás. Bem mais que mera melancolia.
Olhavam medonhamente para o lado buscando algo que ostentasse os sorrisos desinteressados daqueles que jamais ouviriam.
As luzes variavam de acordo com a aura daqueles que a sentiam. As batidas imperfeitas e a voz rouca escravizavam os sentimentos isolados que morreram antes mesmo de surgir.
Uma das inúmeras taças estava por acabar quando a música perdeu mais uma vez a entonação ruidosa que lhe agredia os ouvidos.
Com sangue nos olhos, batia forte com os dedos no balcão. Sentia tudo e não absorvia nada. A dormência do seu corpo mais uma vez lhe embriagava.
Oferecer-lhe outro copo? Outra vida? Outro tormento? Ver-lhe, contudo nos limites tolos infringidos pela carne podre?
Seus olhos gritam, comem. Sempre acesos, nunca dormem.
Engasga com a baba e mancha de sangue o tecido camurça sobreposto a camisa vermelho queimado manchado pelo colarinho branco numa longa conversa muda de bar.
Explode e faz dormir por instantes o olhos. Depois se coça com a delicadeza de uma cadela no cio que arrasta seu corpo, mensurada pelo cheiro do macho a sua volta.
Precisa copular. No entanto, se cala.
Tinha ali incontáveis rugas na cara. Os quarenta e poucos anos que lhe devoravam o sentido. Segurava o copo cheio de ganância com seus dedos porcos que deslizavam pela taça ensebada de carnificina humana.
Fareja ali, lembranças das quais nunca viveu.
Morre a cada gole do vinho barato que se importou beber pra fingir ter companhia.
Pedi aos céus naquele momento que me ostentasse a maldade. Gostava de ser puta todas as vezes que se borrava com batom.
O sangue que escorria dos dentes era o mesmo que a fazia engasgar. Sentia um arrepio no peito. Dor imaculada. Tão grande rende-se aos crucifixos rompidos pela desordem.
Os santos reclamavam saúde. Embriagavam-se das lágrimas dos aflitos.
A capacidade do vício que manifesta a falta de controle.
Desrespeito. Descaso. Ao final da noite era o começo do dia. A ria que sobe e não mais molham os pés. Tempos difíceis eram aqueles...
Reclamar ausência nos incontroláveis copos que jamais beberemos juntos. Que tu se corte com o ladrilho quebrado do banheiro imundo.
E ele nem se quer usa o espelho pra se barbear, as lâminas dançam por sua face marcada pelo tempo. Os cortes representam as vezes em que a navalha passeou por seu rosto. As cicatrizes que se calam.
Ela nem sequer sorriu ao ser notada.
Quero a soberania da embriagues quando ousar tocar em meu nome. Boca suja, cheia de plenitude. Quando chega mais perto os anjos se afastam de medo. Tira mesmo a paz. Engorda-te na imundice mundana. Depois te borra de medo ao acordar.
Ouça os gritos desesperados de seu corpo que desvanece encharcado de sangue velho e morto. Morra da mais cruel maneira. Escorrega-te nos ladrilhos sem cor e parte tua cabeça. Juntarei os cacos que sobrou de você. Depois mando para a terra de onde nunca devia ter saído.
sexta-feira, 15 de maio de 2009
Escondi.
Porque esperar se sabe que o sol jamais vai se por da mesma maneira?
Pra que sonhar, já que acordamos e a mobília permanece intacta? Sonhos e não posso ser. Quero a casa cheia de flores de plástico para que eu possa regar com as lágrimas, antes mesmo que sequem.
Ando vagando à procura de onde possa me apoiar. É quando caio. Sangro e me agrido.
Sinto falta da companhia desinteressada. Líamos e ouvimos musicas por todo o dia até que o sol se punha. Por onde você anda? Suas pernas doem? Sorri pra mim? Enche minha vida de luz de novo?
Procuro as esferas que brilhavam na primeira vez em que achei que fui verdadeiramente feliz. Pequei em seus lábios e você sequer percebeu. Pus-me a esperar-te no trem que nem ao menos partiu.
Sinto falta dos abraços. Das conversas que nunca jogamos fora. Essa necessidade de partir, sempre.
Por um momento, feliz. Estou farto de duvidar de tudo. Bebi agora três copos de sei lá o que para esquecer de ti. Fumei dois cigarros e ainda não sumi.
Por onde anda o abraço afobado e a vontade de estar por perto? Corri. Tropecei por várias ruas, chorando sua ausência. Reclamando algo que nunca tive.
Quero de novo a razão que me fazia dormir, me aperta para que eu possa chorar um pouco, ou muito. Faz noite, só o vazio por aqui.
Odeio teu abraço distante. Teus olhos suspensos no ar que me agridem depois de sorrir. Por onde anda o brilho de seus olhos? Porque nunca te vejo sorrir?
Morra agora. Desapareça. Tome-me de volta em teus braços, me faz dormir, ainda é noite. Sinto frio. Cadê você aqui?
segunda-feira, 27 de abril de 2009
Fútil.
Já não mais escolhos os dias. Eles me escolhem e me levam à loucura. Porque sou psicologicamente alterado. Outro deles me disse hoje. Nem sei mesmo se essa é a palavra certa pra colocar aqui.
Os carros estão passando. Pessoas cantando baixinho acreditando não serem ouvidas. Outros olhares que indagam o outro por não conseguir acender o cigarro. Outros cigarros que se perdem sem ao menos serem tragados. Venta demais. Meche o cabelos da puta e os cabelos comprados.
Percebi que senhora da porta da igreja, pedindo esmolas tava lendo meus lábios enquanto eu te desejava. Mordi então os lábios. Quis expressar ganância. Ela. Acreditava também em não ser notada. Mas meus olhos corriam por tudo. Tudo é obvio e os olhos procuram. Maltratam-se e passa para a próxima, que também passa. Eu? Prefiro olhar. Tenho a poesia correndo nas veias, ainda assim, sou fútil. Tudo isso é clichê. Depois nos olhamos. Mas não nos beijamos. Não dessa vez. Voltávamos embriagados da chuva que caia. E das gotas que molhavam os cabelo encharcados da gordura forçada. Os braços que se encontravam na altura dos ombros. Entrelaçados. Únicos. E os olhos sim, que se comiam. A pele cansada esperava o momento certo. Agredia. Inundava. Depois sentia. De mãos dadas eles se sentiam juntos, mas ainda nem se amavam. E a puta? O Cheiro. Pêlos. Mãos. Corpo. Alma. Vários e vários cigarros. Noite. Céu. Chuva.
Estava todos à volta. Uns que voltavam. Outros que procuravam. Ali estavamos nós, em pé, frente ao mundo, tão pequenos perto daquilo tudo que sentiam os olhos acalmados da puta que se estranhava com seus medos.
Das unhas vermelhas ruídas e os pudores perdidos no sábado que mais uma vez gritei. Depois de sorrir. Mordemos-nos. Depois fizemos amor. Ou o contrário. E nada mais permanece inalterado.
quarta-feira, 15 de abril de 2009
ainda é primavera.
E lá fora as nuvens continuam contornando o céu formando desenhos que fazem com que eu voe pra longe. E tuas mãos frias insistem em me tocar com força. Não sinto mais o calor do meu corpo. Mórbido. Frio. Calado. Como aquele encontrado numa quinta feira qualquer jogado poeticamente de canto. E não havia flores que contemplassem a sua ardência. Sua solidão. Os olhos corriam por todas as faces que passava. Esbranquiçado do frio, não teria a oportunidade de abrir os olhos e jamais veria a força da flor que nasce ao meio desse gelo todo que há por aqui.
Poderia dormir por dias pra parar de pensar em devaneios, mas não mais contemplaria o brilho do sol que ilumina as arvores. É tão frio desse lado do continente. Ainda é primavera.
Senta aqui mais perto, do meu lado, pode por as tuas mãos em minha perna, e me olhe mais profundamente, mas não se envolva mero descaso.
Aumenta o volume da transpiração, agora afagos de frio, a chuva, o guarda-chuva, carinho. Seria tão romântico, se não trágico, os dois ali, o mundo à volta, a chuva. Não estava mais chovendo, o guarda-chuva serviria inutilmente para manter os corpos mais pertos um do outro. Acreditávamos estar enganando a todos. De fato. Nós. Os únicos iludidos com o perfume da noite.
Disse-me que tenho os olhos profundos, e que inspiram tristeza. Do lado de lá não é bem isso que ouço. Às vezes devo procurar uma força passageira. Que de fato passa.
Tão depressa e perco o trem, quem sabe não pare na próxima estação e o telefone volte a tocar.
Prefiro o silencio. De fato há tanto barulho que não posso mais me concentrar. Vou trocar a bateria. Onde mais devo procurar a essência? O escuro me faz bem, mas a janela da sala de estar está coberta por uma cortina num tom branco sujo e transparente, e tudo passa. Até a noite que acreditei em não ter fim. Procuro a paz no teu silencio. Quando me envolvo. Vamos agora pagar com essa melancolia toda e ir em busca de um copo limpo, novo. Desenbrulha esses chocoltes ai, agora me dá uma porção deles. Uma nova taça daquele vinho rosado da semana passada que me fez rir pouco mais descompensado. Alterado. Nos momentos em que aquele aroma de ‘merda doce’ misturada à palha seca faz-me conhecer novos horizontes para que eu possa novamente me perder. E assim, de novo. Outro sorriso. Talvez uma gargalhada.
“Me de a mão vamos sair, pra ver o sol”
quarta-feira, 11 de março de 2009
ele.
Me lembro pelas manhãs em que o sol reflete nostalgia.
Me faz pensar em voce ao entardecer. Lembrando das noites em que vivemos.
Dificil é não te tirar da cabeça. Pra todos os cantos que olho existe um pedaço de voce.
Que me faz recordar e me faz uma falta absurda.
Saudade daquilo que fomos e do que não tivemos tempo pra ser.
Saudade dos beijos nunca roubados, das equidises transpassadas.
Do afeto, dos olhos.
Das nuvens da qual costumávamos cair quando a música acabava.
Dos desenhos do corpo nunca reformulados e do perfume que jamais esqueci.