O medo me deforma.
"Parfois, la vie exige un changement. Une transition. Comme les saisons. On a eu un printemps merveilleux, mais l'été est fini et nous avons manqué l'automne. Tout d'un coup, il fait froid, si froid que tout se met à geler. Notre amour s'est endormi, et la neige l'a pris par surprise. Et si tu t'endors dans la neige, tu ne sens pas la mort venir."
sábado, 29 de maio de 2010
Depressa.
O medo me deforma.
segunda-feira, 24 de maio de 2010
meias conversas
Ela, os labios mais doces. Ele os mais intensos. Nessa selva, o novo, o abismo, olhar pro lado e ver sol. Sem brilho, mais que queima.
quinta-feira, 11 de março de 2010
Sorri
Entre o antes e o amanha, escolhi viver o hoje. Tão presente, novo, cheio das reflexões de outrora...
Quisera eu caminhar sem esperar. A busca frequente da paz. Vontade de voar como nos sonhos de infância, que hoje ja não existem mais. Sinto falta do eu de ontem. Acho que poderia ter feito melhor. Talvez o eu de hoje pudera ajudar.
Tão bom seria se as coisas fossem ao contrario: A desilusão e depois o amor. O odio, depois o opio. A dor e o silêncio. Assim como o fogo e o carvão. Aquela gente toda, com aquelas tantas gargalhadas em meio aquele palco adormecido. Quisera eu me permitir entre os braços do vento à caminho do sol. O que resta quando não se ha mais nada à volta se não o melhor do que poderia haver, o encontro dos tres tempos, o que fui, o que sou e que poderei ser.
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
Indagações
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
Joyeux Nöel
E até sangrei sozinho
Entenda"
(Renato Russo)
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Poema rasgado: "Que seja doce..."
domingo, 6 de dezembro de 2009
Aqui ou Lá - poesia e prosa
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
domingo, 25 de outubro de 2009
Desencontros
Ele vestiu a sua melhor roupa. A que melhor que lhe cabia naquele momento. Não. Não teve a companhia do seu melhor perfume, que, aliás, havia acabado no encontro passado. Dessa vez saiu em busca daquilo que lhe parecia ser o seu ideal. E sozinho, ele saiu.
Sufocado pelo frio ele não hesitou em pegar seu casaco mais pesado.
Chovia por todo o caminho, mas o frio não era presente. A vontade de seguir. De sentir o fez pensar em ser humano.
Ele pensou em plantar um jardim, mas resolveu levar apenas uma rosa e com o sorriso despido demonstrar que veio em busca de amor.
A rosa. Os chocolates e as duas garrafas do bom vinho tinto. Confesso. Junto à esperança do novo começo, de um novo começo. Ratifico. Depois confesso.
A ansiedade que era bem maior do que a vontade de estar aconchegado naqueles braços que ele ainda não conhecia.
Sem sua capa preta de chuva ele saiu em busca de algo que lhe parecesse pleno. Por instantes se perdeu entre a vontade de ser e estar. Logo se reencontrava solitário numa daquelas ruas estreitas com nomes elegantes onde muitas pessoas, já mortas deviam também já ter passado.
Encontrava-se agora numa esquina qualquer entre o desejo de estar perto e o medo do desconhecido, que a cada segundo se tornava ainda mais desconhecido. As horas? Mais uma vez confesso estar perdido no tempo e esqueci de dizer a princípio que ele deveria ter se atrasado mais onze minutos.
Não tinha nada pra sentir, nem antes. Muito menos agora em que a espera é bem maior do que a vontade, de ser ao menos, visto.
O elevador pequeno, adaptado para apenas alguém solitário como ele, parou. Havia chegado o momento. Mas em qual das tantas portas estaria o talvez grande amor da sua vida?
Entrou meio que rispidamente e não ousou tocar em nada.
Eles não trocaram olhares. Não a primeira vista. Não. A primeira vista não aconteceram olhares perdidos. Eles não estavam apaixonados. As mãos se tocaram por encontro de um pequeno gesto de costume. Algo como quem dissesse: Seja bem vindo.
Ele se ajeitou meio que sorrateiramente no meio do sofá. Talvez tenha escolhido o seu melhor lado. E talvez ele se sentisse pouco menos denso. Pouco menos intenso. Pouco menos drástico. Pouco menos inspirado. Pouco. Menos tudo. Ele não esperava nada além das trocas de olhares sinceros em que algum momento aconteceu.
Mentira. Ele esperava grandes conversas até o amanhecer, talvez observar até que o sol retese a luz da ultima estrela do céu. Isso também não aconteceu. Chovia. Não sei se dentro ou fora dali. Mas chovia. Talvez mais dentro que fora. Era vívido, intenso e ele queria mais.
Sentia frio quando os braços lhe tocaram com certo peso e cuidado. Ele acariciava. Depois parava. Talvez pegasse no sono. Mas não. Não vou saber. E você? Quem sabe.
Ele se vestia pra partir quando resolveu abaixar a cabeça e sentir que as lágrimas correriam. Segurou firme para não chorar. De forte que era. Travestido de esse novo ser cujo coração era de pedra. Não. Cujo coração deveria ser de pedra.
Não fechou a porta e não olhou para trás, pegou seu casado pesado e entrou no mesmo elevador cujo espaço era apenas para uma pessoa. Talvez por isso ele tenha saído com os dois pés no chão. Embora ainda insistisse em querer voar. Embora seu coração batesse tão forte quando ele o tocava. Embora a poucas vezes que ousou tocar nos lábios sentiu que eram de um especial intenso. Único.
Ele partiu. E não há nada de mais, nada a mais o que sentir. Nada mais no que pensar. A não ser no momento em que possa dizer olá uma outra vez. Mesmo que os olhos não se encontrem novamente.
Numa outra vez de sentir seu coração calado bater mais forte e menos frio. Talvez de também sentir o seu corpo quente sobrepondo o dele. Talvez ele pense o mesmo. E talvez eles nunca mais se encontrem. Não há nada para acabar. Nada aconteceu. Repito. Nada.
terça-feira, 20 de outubro de 2009
O sal
A gente corre pra se esconder
E se amar, se amar até o fim
Sem saber que o fim já vai chegar ”
A história é interrompida como todas as outras.
Minha maturidade, ou o meu egoísmo, ou a mescla desses dois extremos não me permitem gritar. Esse sofrimento é cálido. Triste. E ao mesmo tempo sublime e incapaz de ser descrito.
Um vazio. Oco. Uma solidão imediata toma conta de toda a carne viva, que agora apodrece trêfega.
Algo que engole e mastiga ao mesmo tempo. Aperta o peito. Um nó dissimulado na garganta. A cara inchada e os olhos vermelhos, e as lágrimas insistem em martirizar um pouco mais. Vontade de gritar. Mas de invisível que sou, engulo cada lágrima salgada antes que escorram pelos lábios e eu seja capaz de sentir o sal.
Mas a esquete ainda não tinha terminado. Os atores estavam se maquiando no camarim. Ela saiu correndo com o batom vermelho borrado pela boca quando soube de tudo. Ou de nada. As coisas terminaram no mesmo acaso em que começaram. A dor é inevitável.
Mas com toda a força de uma vida, segue adiante. O caminho está livre agora. O fim e o começo de uma nova vida, ou a hora de sua morte.
Descanse em paz.
Depois, sorria.
“Abre a janela agora
Deixa que o sol te veja
É só lembrar que o amor é tão maior
Que estamos sós no céu...”
terça-feira, 29 de setembro de 2009
O ataque
Do lado de lá ele brilha talvez pela ultima vez aquele homem. Tão carregado da idade que o fragiliza. Que a falta de esperança se transforme na paz que deve ser precisa.
Não há armas pra brigar com o tempo. Discutimos com o espelho que nos insiste em mostrar uma realidade cada vez mais morta. A morte das emoções. A morte de um amor. A morte da própria pele que desce ralo a baixo a cada banho.
Essa noite, que a água leve embora metade daquilo que seja.
A equidise necessária. A dor. A perda. Sempre a perda.
E nesse mesmo tom. Na mesma nota. Perco o sono todas as noites pensando em um novo dia que vem a seguir...
A cada dia menos sol. Menos oportunidade para estar perto. E vai se perdendo. A roda do carro vai deixando seus rastros pela estrada enquanto ele canta com toda a dor pra mostrar uma nota maior, que expresse a esperança. Mesmo que morta.
Diga adeus. Depois me beije. Ao partir que deixe a saudade. A falta. Que eu pense em você como o começo e meio. O fim deixa para quando a canção acabar.
É mesmo. Não estarei no momento de mais dor. Não. Não estou ao lado. Como egoísta que sou. Deixei passar. Pra viver o novo olhar. A nova forma. Os novos olhos. O novo ser que acordará amanhã. No momento estou preparado somente para a nostalgia.
Aprendi a morrer a cada dia. Mas não aprendi aceitar que morram. Aceito a minha equidise. A dos outros não.
Ele parte. E se apaga mais uma estrela do céu.
Não sei mais no que pensar. Devo ligar? O que eu faço? Vou correndo em busca de um ultimo abraço? Vai ser em vão.
E depois, qual a imagem que ficará em minha mente? Vale a pena?
Prefiro a covardia a dizer a verdade.
Talvez escute a minha voz e saiba que estive presente ali. Mesmo que ausente.
Mas não. Acho mais importante. Levar comigo o seu nome. Pra que se difunda ao mundo. Se esse será o seu presente. Assim serei. Digo de carregar a geração adiante. Num ré maior de dor. Prefiro que respire lentamente pra não se cansar. Dói demais. E quem fica? E quem cantará a sua canção favorita? E o perdão daqueles que nunca souberam o valor de amar?
Tanta euforia e as pessoas esqueceram-se de pedir a benção e a perderam pra sempre.
Aumenta o som. Se entregue a equidise. Sofra tudo o que for necessário.
Vista sua roupa negra e aguarde o fim. Morra e me leve junto com você.
A cada morte, uma nova nota criada. Surgem as mais estranhas coisas para que o tire de cena.
E eu, cada dia tenho mais certeza de que o tempo passa. A cara muda. Mas a essência não. Estarei longe do seu lado. Perdoa-me, mas o pássaro recusa-se de voar em busca do calor. Prefere enfrentar o inverno que estar por chegar. E se resistir ao inverno. Será mais forte.
Qual seria a ultima vez que viu seus olhos azuis no espelho? Mais que isso, quando foi a ultima vez que sentiu os dourados raios de sol deitar sobre o jardim...
É um misto de fracasso e conquista. Buscarei as forças pra seguir adiante ao nascer do sol de enfeite do lado de cá do oceano.
Brevemente olharei diretamente para o sol e não poderei mais sentir seu calor.
A partir de agora, unicamente peço que respeite esse meu silencio. Essa euforia sufocada e esse medo de seguir adiante.
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
nostalgie
Resolvi colocar um ponto, virei para o lado, mas não dormi. Minha mente pairava sobre a falta de razão de ser e entre a vontade de estar. Ele não estava mais ali. O retrato esquecido se apagou com o vento e a chuva. Eu não posso mais. Ultrapassei os limites e ajudei o tempo destruir o que poderia haver de bom. Uma mistura de saudade e vontade sair correndo (pra não mais voltar). Uma distração e cortei o dedo, desisti de tocar piano. Não é amor, assim eu espero. Deve ser desespero. Vontade. Indefinido.Tudo se mistura a vontade de ir adiante e o medo de precisar olhar pra trás. O tempo. A alma. Tanto desperdício para uma construção que pode dar em nada. As horas se passam e a nova rotina consome. Tanto sono desperdiçado. Abraços inalcançáveis e apelo. Vejo fotos pra sentir mais perto. Quando percebo já estou colando-as no mural dos sonhos. A vontade de apertar, feito criança na terra. Sem medo. Afinal, sei lá o que se sabe. É intenso, sempre foi.À hora é essa, os poetas estão perdidos e eu não sei mais o que fazer. Leio as linhas tortas rabiscadas no vidro empoeirado do carro. A chuva não apagou. Mas a caligrafia não é a materna e aqui não há tradução para a “saudade”. Acho que é mesmo pra esquecer o significado. Penso em você, no desencontro, no retrato mal tirado pregado na parede torta.
sábado, 5 de setembro de 2009
Ao entardecer
domingo, 26 de julho de 2009
Gritos.
Ensurdecido, chorava e não podia falar. A respiração aturdia e aclamava todos os pontos que ali havia.
A roda-gigante colorida girava. Eram quarenta e dois degraus. Com toda a certeza de que eram. Ali, todos misturados junto à carnificina exposta dessa gente imunda. A sala cheia. E a platéia surda que gritava. Interrompiam em um dos cantos os que se tocavam. A menina se cortava enquanto a fumaça formava as bolhas displicentes de agonia. Todos envolvidos pela fumaça branca que se espalhava.
Não sabia qual era mais as cores dos teus próprios olhos. Na verdade nunca soube o que lhe fazia acalmar o espírito, enquanto os demônios aplaudiam a orquestra surda que o calava.
A orquestra falava enquanto a platéia cantava. Todos juntos quando a semântica fora perdida no terceiro degrau do segundo andar. Tropeçava embriagado pela sua própria saliva e o torpor que agredia fazia com que as coisas pairassem no ar e a banda pausadamente interrompia a cena.
segunda-feira, 20 de julho de 2009
Cobertor.
Ele rasgava os papéis antigos sem pensar em nada. Perdido na esperança de encontrá-la novamente como no ontem, onde nada tinha se alterado. Ausente o ego antes priorizado. Agora as lembranças do café que deixaram de viver juntos no domingo à noite...
As coisas estavam em desordem, e ele pensava em se atirar pra perto, ela, buscando uma maneira de não pensar em nada e fugir.
As malas não estariam prontas para a partida sem o lenço branco pendurado na madeira escura.
Ainda sentia o cheiro dela por toda a parte. Atormentado com os pensamentos não pôde dormir. Pensava tão fortemente nela que seu coração machucado, na ânsia de bater mais forte o fazia gritar...
Os verbos tão distintos. O abraço foi rápido, quase que os corpos não se tocam, ele insiste, ela corre.
A imperfeição faz das coisas comuns. Ambos sofrem. Juntos, eles se evitam. Porque amar é tão complicado? Porque as pessoas são tão diferentes a ponto de não poderem firmar seus ideais sem agredir.
Que ela estaria fazendo agora sem ele? As coisas estavam acontecendo a todo instante enquanto ela o deixava partir... A complexidade de aceitar que as coisas são distintas munidas pela cultura do falso moralismo transgredido pela descendência morta de preconceitos e doenças dos olhos e ouvidos não a deixava aceitar que o amava sem medo. E na verdade o medo era algo externo. A pele áspera que só os outros veriam.
Ela o evitava olhar nos olhos, enquanto ele a buscava seduzir pela voz triste, era inevitável morrer novamente.
Fora a equidise acirrada, sentiriam os dois na verdade a mesma história com pontos distintos. Mas nem um dos dois abririam mão de suas razões. Um por viver aquilo que a sociedade impõe. O outro por infringir essas tão aclamadas imposições.
A escolha por ser feliz era quem falava mais alto e ditava as regras. Ela, o tentava moldar, na falsa esperança de que o transformaria em argila, mas em vão, quanto mais água ela punha, mais a areia fina escorregava pelos cantos...
Era noite e ele sentia frio enquanto rascunhava seus versos tristes, compostos pela angustia de não poder tocá-la com a mesma liberdade. Coberto pelos desejos era incapaz de adormecer...
O corpo cálido à esperança que morria a cada batida forte que sentia na respiração descontrolada.
“Se és capaz de arriscar numa única parada, tudo quanto ganhaste em toda a tua vida. E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada, resignado, tornar ao ponto de partida.”
terça-feira, 30 de junho de 2009
Dualidade
Arranca o carro com força procurando por sobrevivência. Não havia outros meios se não declarar que havia perdido. Os sonhos. As noites em que perdia o sono sorrindo. Tanto que cantava enquanto sorria. Agora se engasgava com o abismo criado por Ela.
Por quantas vezes mais terei de passar por aqui caminhando pelo inverso aos meus desejos?
Partir-se ao meio em busca de algo que nem ao menos nasceu? Nessa terra de gigantes nada se planta. As coisas estão maquiavelicamente planejadas. E por isso perdem-se o controle. Comprimidos entre meio a intolerância e Ele não pode mais.
Entretanto Ela parecia pouco mais tranqüila como quem sabe o que faz. Ele, partia do: Nada sei.
Intercala um sorriso com a lagrima que escorre, entra no primeiro táxi que aparece. Me leve ao inferno, aqui eu não volto mais.
O narrador chega completamente atrasado, perdido, força a porta e entra. Os pingos gelados da chuva estão pela casa. Arrasta-se até o primeiro sofá que encontra à espera da personagem principal. Na verdade à espera que algum super-herói saia de uma revista em quadrinhos qualquer e voe em sua companhia quarto andar a baixo. Enquanto pensaria no que fazer com Ela. E com Ele.
Ela chega, o narrador se esconde. Ela vai até a varanda inexistente para fumar o cigarro que nunca comprou.
Ele pára no primeiro bar. Após o efeito que o arranque do carro que lhe causou à cabeça. São feridas fechadas. Ninguém vê. O narrador é que sabe, mas conta a história a seguir. Dessa cuida Ele.
Já com o maço de tabacos que Ela fumaria, no bolso.
A campainha toca agressivamente incômoda.
O narrador sai correndo de cima do sofá pra entender o que se passa.
Umas das mãos doem. Mas ninguém sabe de quem é a mão.
No terceiro toque Ela passa por cima do narrador e nem percebe. Abre aquilo com a voracidade de quem está perdida entre ruas escuras.
Com passos largos Ele sobe ao quarto andar e lhe entrega o maço. Sem palavras, sem lágrimas. Ainda branco Ele invade a cena procurando por equilíbrio.
O narrador chega atrasado. Perde a cena principal esperando a inspiração que andava pela rua a vagar aos becos procurando por Ela.
Ela fuma enquanto Ele come os cigarros.
O tabaco acaba antes mesmo de o narrador interpretar o próximo esquete.
Abraçam-se: o narrador e Ele enquanto Ela pegava as chaves do carro interrompendo-se pelas escadas com seu salto fino.
O barulho era tanto que Ela se viu obrigada a tirar os saltos. Andava como quem buscava o sol no meio da noite. Chovia. Mas não molhava. A pele doente absorvia a dormência dos atos.
Ele se pos a correr logo em seguida. Mas o narrador o segura pelas pernas. As lágrimas escorrem. Perdi.
Ouve a explosão de fato.
Os olhos não mais brilhariam mais naquela noite. O narrador cansado de morrer, tirou Ela de cena.
Ele se sentiu tão só que nem ao menos se deu conta que já se passavam mais de quatro meses.
Partiu em busca de paz.
O silencio foi constante, o narrador agora podia declamar quanto quisesse. Mas sem platéia não haveria e não. Não houve grandes aplausos.
A platéia estava cálida esperando pra saber do final trágico.
Ele volta à cena anterior e o apunhala o narrador pelas costas.
O sangue derretia-se sobre aquele texto mal reproduzido. Enquanto a platéia cantava em memória a Ela.
sábado, 27 de junho de 2009
calor
engolimos a fumaça dos cigarros dos outros, nunca a podemos tragar...
São seios, rosas e melancolia.
Condeno sim, as mulheres, que se acham humanas e são putas,
Elas não conseguem com o corpo aquilo que se precisa de alma.
Mas de alma, nem mesmo as putas entendem.
É preciso desviar os olhos para seus pudores,
arregaçar a blusa e mostrar mais os peitos.
Assim, não sei mesmo se vale a pena,
São umas, muitas vezes duas as tentativas,
Depois, esquece.
Mas não, despe-me com os olhos e põe-se a lamber a cara,
Cheira as minhas coxas como um cão louco à procura de carne,
Roça me com a alma.
Depois morde-me os lábios pra eu saber tuas intenções,
Sinto falta de falar, da falta de pudor,
Quero os mesmos laços das mordaças que comem as putas,
Bata-me na cara, cuspa seus desejos,
Juntos na cama adormecemos,
Molhados com o que resta do corpo faminto,
Do meu e o teu.
A dormencia que consome,
Pega me no colo,
depois, no sono.
Deixa esse cheiro bom invadir,
assim..
terça-feira, 19 de maio de 2009
O bar.
O mundo à volta que se comia. Ninguém notava. Corriam os olhos na gota de suor da moça que a afligia. Sentia a libido a flor da pele. Tua alma agora é quem sentia. Aquilo fazia parte dele. Suspirava profundo a cada gota não atingida.
Ele nem ao menos sorriu. Esticou o seu punho esquerdo e já se entendia do que precisava. Mesmo copo. Mesmo vinho. A oxidação da saliva ao copo demonstrava o fogo de seus olhos.
Pessoas ao fundo cantavam sua origem. Perdiam-se. Retomavam aquilo que haviam deixado para trás. Bem mais que mera melancolia.
Olhavam medonhamente para o lado buscando algo que ostentasse os sorrisos desinteressados daqueles que jamais ouviriam.
As luzes variavam de acordo com a aura daqueles que a sentiam. As batidas imperfeitas e a voz rouca escravizavam os sentimentos isolados que morreram antes mesmo de surgir.
Uma das inúmeras taças estava por acabar quando a música perdeu mais uma vez a entonação ruidosa que lhe agredia os ouvidos.
Com sangue nos olhos, batia forte com os dedos no balcão. Sentia tudo e não absorvia nada. A dormência do seu corpo mais uma vez lhe embriagava.
Oferecer-lhe outro copo? Outra vida? Outro tormento? Ver-lhe, contudo nos limites tolos infringidos pela carne podre?
Seus olhos gritam, comem. Sempre acesos, nunca dormem.
Engasga com a baba e mancha de sangue o tecido camurça sobreposto a camisa vermelho queimado manchado pelo colarinho branco numa longa conversa muda de bar.
Explode e faz dormir por instantes o olhos. Depois se coça com a delicadeza de uma cadela no cio que arrasta seu corpo, mensurada pelo cheiro do macho a sua volta.
Precisa copular. No entanto, se cala.
Tinha ali incontáveis rugas na cara. Os quarenta e poucos anos que lhe devoravam o sentido. Segurava o copo cheio de ganância com seus dedos porcos que deslizavam pela taça ensebada de carnificina humana.
Fareja ali, lembranças das quais nunca viveu.
Morre a cada gole do vinho barato que se importou beber pra fingir ter companhia.
Pedi aos céus naquele momento que me ostentasse a maldade. Gostava de ser puta todas as vezes que se borrava com batom.
O sangue que escorria dos dentes era o mesmo que a fazia engasgar. Sentia um arrepio no peito. Dor imaculada. Tão grande rende-se aos crucifixos rompidos pela desordem.
Os santos reclamavam saúde. Embriagavam-se das lágrimas dos aflitos.
A capacidade do vício que manifesta a falta de controle.
Desrespeito. Descaso. Ao final da noite era o começo do dia. A ria que sobe e não mais molham os pés. Tempos difíceis eram aqueles...
Reclamar ausência nos incontroláveis copos que jamais beberemos juntos. Que tu se corte com o ladrilho quebrado do banheiro imundo.
E ele nem se quer usa o espelho pra se barbear, as lâminas dançam por sua face marcada pelo tempo. Os cortes representam as vezes em que a navalha passeou por seu rosto. As cicatrizes que se calam.
Ela nem sequer sorriu ao ser notada.
Quero a soberania da embriagues quando ousar tocar em meu nome. Boca suja, cheia de plenitude. Quando chega mais perto os anjos se afastam de medo. Tira mesmo a paz. Engorda-te na imundice mundana. Depois te borra de medo ao acordar.
Ouça os gritos desesperados de seu corpo que desvanece encharcado de sangue velho e morto. Morra da mais cruel maneira. Escorrega-te nos ladrilhos sem cor e parte tua cabeça. Juntarei os cacos que sobrou de você. Depois mando para a terra de onde nunca devia ter saído.
sexta-feira, 15 de maio de 2009
Escondi.
Porque esperar se sabe que o sol jamais vai se por da mesma maneira?
Pra que sonhar, já que acordamos e a mobília permanece intacta? Sonhos e não posso ser. Quero a casa cheia de flores de plástico para que eu possa regar com as lágrimas, antes mesmo que sequem.
Ando vagando à procura de onde possa me apoiar. É quando caio. Sangro e me agrido.
Sinto falta da companhia desinteressada. Líamos e ouvimos musicas por todo o dia até que o sol se punha. Por onde você anda? Suas pernas doem? Sorri pra mim? Enche minha vida de luz de novo?
Procuro as esferas que brilhavam na primeira vez em que achei que fui verdadeiramente feliz. Pequei em seus lábios e você sequer percebeu. Pus-me a esperar-te no trem que nem ao menos partiu.
Sinto falta dos abraços. Das conversas que nunca jogamos fora. Essa necessidade de partir, sempre.
Por um momento, feliz. Estou farto de duvidar de tudo. Bebi agora três copos de sei lá o que para esquecer de ti. Fumei dois cigarros e ainda não sumi.
Por onde anda o abraço afobado e a vontade de estar por perto? Corri. Tropecei por várias ruas, chorando sua ausência. Reclamando algo que nunca tive.
Quero de novo a razão que me fazia dormir, me aperta para que eu possa chorar um pouco, ou muito. Faz noite, só o vazio por aqui.
Odeio teu abraço distante. Teus olhos suspensos no ar que me agridem depois de sorrir. Por onde anda o brilho de seus olhos? Porque nunca te vejo sorrir?
Morra agora. Desapareça. Tome-me de volta em teus braços, me faz dormir, ainda é noite. Sinto frio. Cadê você aqui?
segunda-feira, 27 de abril de 2009
Fútil.
Já não mais escolhos os dias. Eles me escolhem e me levam à loucura. Porque sou psicologicamente alterado. Outro deles me disse hoje. Nem sei mesmo se essa é a palavra certa pra colocar aqui.
Os carros estão passando. Pessoas cantando baixinho acreditando não serem ouvidas. Outros olhares que indagam o outro por não conseguir acender o cigarro. Outros cigarros que se perdem sem ao menos serem tragados. Venta demais. Meche o cabelos da puta e os cabelos comprados.
Percebi que senhora da porta da igreja, pedindo esmolas tava lendo meus lábios enquanto eu te desejava. Mordi então os lábios. Quis expressar ganância. Ela. Acreditava também em não ser notada. Mas meus olhos corriam por tudo. Tudo é obvio e os olhos procuram. Maltratam-se e passa para a próxima, que também passa. Eu? Prefiro olhar. Tenho a poesia correndo nas veias, ainda assim, sou fútil. Tudo isso é clichê. Depois nos olhamos. Mas não nos beijamos. Não dessa vez. Voltávamos embriagados da chuva que caia. E das gotas que molhavam os cabelo encharcados da gordura forçada. Os braços que se encontravam na altura dos ombros. Entrelaçados. Únicos. E os olhos sim, que se comiam. A pele cansada esperava o momento certo. Agredia. Inundava. Depois sentia. De mãos dadas eles se sentiam juntos, mas ainda nem se amavam. E a puta? O Cheiro. Pêlos. Mãos. Corpo. Alma. Vários e vários cigarros. Noite. Céu. Chuva.
Estava todos à volta. Uns que voltavam. Outros que procuravam. Ali estavamos nós, em pé, frente ao mundo, tão pequenos perto daquilo tudo que sentiam os olhos acalmados da puta que se estranhava com seus medos.
Das unhas vermelhas ruídas e os pudores perdidos no sábado que mais uma vez gritei. Depois de sorrir. Mordemos-nos. Depois fizemos amor. Ou o contrário. E nada mais permanece inalterado.
quarta-feira, 15 de abril de 2009
ainda é primavera.
E lá fora as nuvens continuam contornando o céu formando desenhos que fazem com que eu voe pra longe. E tuas mãos frias insistem em me tocar com força. Não sinto mais o calor do meu corpo. Mórbido. Frio. Calado. Como aquele encontrado numa quinta feira qualquer jogado poeticamente de canto. E não havia flores que contemplassem a sua ardência. Sua solidão. Os olhos corriam por todas as faces que passava. Esbranquiçado do frio, não teria a oportunidade de abrir os olhos e jamais veria a força da flor que nasce ao meio desse gelo todo que há por aqui.
Poderia dormir por dias pra parar de pensar em devaneios, mas não mais contemplaria o brilho do sol que ilumina as arvores. É tão frio desse lado do continente. Ainda é primavera.
Senta aqui mais perto, do meu lado, pode por as tuas mãos em minha perna, e me olhe mais profundamente, mas não se envolva mero descaso.
Aumenta o volume da transpiração, agora afagos de frio, a chuva, o guarda-chuva, carinho. Seria tão romântico, se não trágico, os dois ali, o mundo à volta, a chuva. Não estava mais chovendo, o guarda-chuva serviria inutilmente para manter os corpos mais pertos um do outro. Acreditávamos estar enganando a todos. De fato. Nós. Os únicos iludidos com o perfume da noite.
Disse-me que tenho os olhos profundos, e que inspiram tristeza. Do lado de lá não é bem isso que ouço. Às vezes devo procurar uma força passageira. Que de fato passa.
Tão depressa e perco o trem, quem sabe não pare na próxima estação e o telefone volte a tocar.
Prefiro o silencio. De fato há tanto barulho que não posso mais me concentrar. Vou trocar a bateria. Onde mais devo procurar a essência? O escuro me faz bem, mas a janela da sala de estar está coberta por uma cortina num tom branco sujo e transparente, e tudo passa. Até a noite que acreditei em não ter fim. Procuro a paz no teu silencio. Quando me envolvo. Vamos agora pagar com essa melancolia toda e ir em busca de um copo limpo, novo. Desenbrulha esses chocoltes ai, agora me dá uma porção deles. Uma nova taça daquele vinho rosado da semana passada que me fez rir pouco mais descompensado. Alterado. Nos momentos em que aquele aroma de ‘merda doce’ misturada à palha seca faz-me conhecer novos horizontes para que eu possa novamente me perder. E assim, de novo. Outro sorriso. Talvez uma gargalhada.
“Me de a mão vamos sair, pra ver o sol”
quarta-feira, 11 de março de 2009
ele.
Me lembro pelas manhãs em que o sol reflete nostalgia.
Me faz pensar em voce ao entardecer. Lembrando das noites em que vivemos.
Dificil é não te tirar da cabeça. Pra todos os cantos que olho existe um pedaço de voce.
Que me faz recordar e me faz uma falta absurda.
Saudade daquilo que fomos e do que não tivemos tempo pra ser.
Saudade dos beijos nunca roubados, das equidises transpassadas.
Do afeto, dos olhos.
Das nuvens da qual costumávamos cair quando a música acabava.
Dos desenhos do corpo nunca reformulados e do perfume que jamais esqueci.
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
Impressões
Pela manhã os raios que atravessam a cortina. A luz do sol deixa um pouco amarelada as ruas. E do lado de cá não há estrelas. Nem mesmo a lua. Há vozes e não posso me concentrar. Equilíbrio e te encontro ao anoitecer. Vontade de ligar. Mas não. Preciso sentir mais frio.
Há um espaço aberto na cortina branca. Os carros emparelhados e o silêncio constante. O sotaque arrastado que me faz parecer pouco mais longe daqui. Longe de mim mesmo. Inconstância e o mundo girando.
Eles caminham pelas ruas. Círculos. As bolhas brancas e pretas me fazem flutuar. Fumaça por toda a escada. E lá mesmo nós paramos. Todos. Rimos e cantamos de coisas que não faziam a menor graça. Não fazia tampouco o menor sentido. Mas ali estávamos e felizes. Pelo menos é o que parecia ser. E era. Bem na verdade era. A cada canto da sala um novo som. Nova sintonia num ré bem maior que o de antes.
Os pés doem sempre. Os olhos depois se fecham. Poderia a porta se fechar a cada banho. Água quente e perigo dormir com o gás ligado.
Adaptação é a palavra. Não há janelas ao naufrágio. Consigo ver pelo espelho escuro a sombra maior da satisfação. Falta o ar na esquina. Toma o café e passa. Pega outro e te dá sono. De novo cuido de tudo sozinho. Deixo de lado os anseios. Eles é que não me esquecem. Roupas pesadas de frio. Um cobertor novo à vista. De várias cores emparelhadas. Vou sorrir mesmo que não seja assim. O medo se torna maior quando se faz frio.
Metade daquelas pessoas se vão. A festa acabou. O bolo ainda não foi cortado. Show, mas as atrações principais foram canceladas. Vamos até a outra esquina gritar mais alegorias. Põe aqui a moeda e pode passar.
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
Matei-me.
Botei aquela bolsa de hoje em um dos ombros e segui. Nova geração. Aquilo tudo novo. E de novo. A mesma história. Pontos de vista que me agridem. Outros que me fazem falta absurda.
Falávamos da nossa vida como se fosse estória, onde sempre há final feliz. Mas e aí? Que fazemos com as partes. As páginas que ainda não foram lidas esperando que a luz se acendesse? Ou ainda as arrancadas, para que nunca fossem descobertas.
Que boa história não tem um pouco de sangue escorrendo pelo queixo. Mas assim, na vida real a coisa é bem mais pesada. Tudo bem regado ao desespero. Medo e morte. Prefiro mesmo é na ficção.
Ele, ela e eu morremos ao entardecer. As estrelas ainda não estavam ali presentes para a cerimônia. Não me lembro nem a roupa que ele usava. Nem a dela. Era aquilo que eu mais queria. O momento. A vida. Os sonhos. Tudo ali. Mas algo me dizia que não terminaria bem de nenhuma forma. E de todos os meios eu me via só.
Como colocar na prateleira de volta ao invés dos filmes, as histórias que jamais vivemos. Os sonhos e o desejo. Quanto amor havia.
Atravessava aquela rua com mais voracidade que a vez anterior. Dessa vez havia pouco mais de sangue nos olhos. Ela sentia medo. Eu, calafrios. Ele, desespero.
Era como olhar para o espelho e decidir que a partir daquele momento seria outro e que ainda tinha um caráter a ser montado. Sem fantasias. Era a vida se fazendo presente, mostrando a cara e não pude escapar.
O portão era baixo, segurei com toda a força que pude guardar durante todo aquele tempo, dos dois lados, tudo o que amava. Tive que escolher quem morreria. Como nos balões pesados em que se tem que jogar algo fora. Ali era a vida. A única que tinha. E não tive escolhas.
Empurrei-o, depois de me morrer.
Não tive, durante dias coragem de olhar no espelho. Talvez o medo de que meus olhos me acusassem, medo de que o espelho quebrasse com tanta dor. Afinal não mais veria nada. Era como saber que perderia a visão depois de um tempo em que fora verdadeiramente feliz. Não mais veria o por do sol esperando que as estrelas ressuscitassem daquele céu azul escuro.
Não tive ao menos tempo de dizer adeus. Era como se nada tivesse acontecido. Sonho bom que se tornava pesadelo. Muita maquiagem, dor desespero. Tudo. O portão baixo. Queria não existir para não vê-lo partir.
Ela. A outra versão dos fatos. Jamais entenderia o que se passava ali, dentro de mim. A parte mais fraca que precisava do meu apoio. A dor que se escancarava. As orações que já haviam virado reza. Quanto amor destruído. Quantas noites felizes, ou aparentemente felizes. Tínhamos um do outro, os sorrisos. Coisas de criança. Criança grande que já sabia bem o sentido das palavras dor. Amor. Traição. Ódio. Desejo. Loucura. Desespero.
Fecho os olhos e lembro de como éramos felizes. Toda dor fora escondida. Existe uma barreira e jamais hei de quebrá-la.
Não sentirei saudade do que vivemos. Mas daria tudo para que tivesse sido diferente e ele a tivesse feito feliz.
Eu estaria por aí. Talvez encontrasse o porto seguro se as cortinas não se decidissem por abrir, findando o mais inocente dos espetáculos.
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
carnaval
Perdi os sentidos, os lábios, e que se dane você.
Entrei devagar pela porta estreita que me engolia,
Supri-me de longas histórias e das fantasias de nunca ousei vestir.
Perdi a noção do tempo, esqueci-me de anotar a placa do carro que me trouxe até aqui.
Perdi o medo. Entrei no avião. Fiz escalas. Usei as mãos. Mas não. Não deixei de sentir.
Grudei nos teus cabelos. Fiz-te medo. Do medo que jamais ousei gritar.
Fiz poesia, derramei nostalgia, corte singular no peito com as tuas mãos.
Puxei os trilhos. Fiz barulho. Gritei o sol que interrompia o sorriso calado pela cortina quebrada.
Fiz-me de honesto, mentindo desgraça, forçando trapaças, bebi cachaça e ainda safei-me do crime que jamais cometi.
Beijei-te o rosto. A face. Escroto idiota. Sangrei os lábios que nunca vivi.
Cansei-me das luvas, cachecóis prateados que nunca tive e ainda do lenço rosado que encontrei numa esquina qualquer.
Fiz-me de pomadas. Ò silencio. Das noites frias ardendo o suor que nunca escorri.
Cansei-me da face. Da desgraça. Arranquei-me os cabelos e a barba atravessando a rua fingindo ser feliz.
Fiz do teu, o meu. Doei-me mais do que devia. Gerei filhos com trigo, mastiguei a felicidade e depois cuspi.
Cansei-me de ser rude. De ser lindo. De ser aquilo que nunca fui.
Deixei de lado os livros, andarei sobre os trilhos enquanto finjo dormir.
Vou deitar sobre o meu corpo. Arrancar teus suspiros malditos. Virar para o lado e acender um cigarro. Vou mostrar-lhe que nunca estive aqui.
As mãos aquecidas. Cansadas. A caneta falhando com o suor que desgraça. Muito ainda pra sentir.
Sabe lá por quantos montes, delírios ou fontes. Deixei-o pra trás, atravessei bem em frente a sua porta e sai.
Foi assim, meio que de lado, nem mesmo fui notado, afinal nem mesmo estive aqui.
Cansei-me de ser quem eu sou. Agora vou ser poeta e confortar-me da dor.
Aprendi a andar de trem, metrô, agora sou gente grande, estou indo ali.
Ainda não sei de volto, quem dirá quando volto.
Se por amor. Senta no banco da praça. Espera. Quebre algumas das muitas taças. Talvez eu dobre a esquina e talvez ainda, eu passe por aqui.
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
segundos.
Sentei e calei-me. Livro. Conversa. Um ou outro lendo papeis que se encontrava naquele banco. Estava invisível, ainda sim incomodava. Não era aquele o meu lugar. Talvez escorregasse pouco mais no banco o bastante pra me sentir cansado. Se fechasse os olhos. Dormiria para longe. Não chegaria de pronto. Mas pra onde mesmo é que preciso ir? Todas as poltronas estão ocupadas. Tenho medo e frio Ninguém ao lado. Respiro umas três vezes, sinto a dor da ferida aberta. “Queria manter cada corte em carne viva”.
Enquanto caía no canto do banheiro. Pulso esquerdo cortado. Sangue escorria pelo braço estendido enquanto brilhava e sorria. As manchas de dor espalhadas pelo corpo. O sangue contornava a cerâmica branca.
Chovia dentro. E fora, o dia engolia as crenças. A água não levava embora o desespero.
Sentia sede. Mas não podia se levantar. Tarde demais. As forças já haviam sido entregues há muito tempo e a melhor obra de arte se perderia. As melhores fotos. A melhor pose. Tudo enquadrado em cinza.
Ao cair da noite que ele não mais veria. Decidiu que ficaria ali. Jogado. Talvez por longas horas até que fosse encontrado. Estava ali. Da forma como sempre quis. Derramava ali tudo o que o afligia e o beijo nunca roubado. O dinheiro que se poupou de gastar. E agora. Nada mais daquelas economias baratas faziam sentido. Estava preso dentro das angústias. Quando olhava para o sangue que o tirava de cena.
Passageiro.
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
Ele.
sábado, 17 de janeiro de 2009
comentário.
domingo, 11 de janeiro de 2009
Forever.
A luz do quarto acesa e os momentos em que passaram juntos. Assim pensando que o relógio pararia na madrugada em que faziam amor. Não se trata de erotismo. Pele. Sabe bem do que estou dizendo. Mas pensa no ser mais despudorado. Se os neologismos cantassem fariam serenata a cada amanhecer. Ou melhor. Não amanheceria e os corpos poderiam se calar pouco mais juntos.
Vários os chinelos espalhados pelo quarto, que na manhã seguinte restariam lembranças. Junto ao suor que sobrava na almofadas de retalhos. Assim encontraria ao voltar do pior pesadelo. A ausência.
Quantos os panos que o cobriam. Tais as vezes que passeava por sentir o cheiro dos olhos. Que aroma de saudade. O sorriso doce me levara daqui. Quanto passa depressa ele dizia. Talvez derramasse algumas lágrimas no banho. Ou já com os sentimentos maduros. Deixastes cair apenas água pra lavar seu pudor e a angústia desses corpos que estariam separados.
Desejo. As suas mãos quando correm meu corpo me faz lembrar entrega. Ouço palmas ao longe. Mas não existe platéia. Eles estavam sozinhos num mar de gente que os deixava parecer estar só. Solidão. E juntos. Eles choravam. Enquanto caminhavam e sentiam.
As palmas agora se faziam bem mais presentes. Invadia como a luz aquele quarto entraria sem mais leveza em seus ouvidos e o fazia aclamar. É o fim do espetáculo. Guarde as plumas que serviam de elegância. Agora é voltar a cantar no chuveiro e ir à busca daquilo que lhe pertence. E quando nada encontrares. Olhe para as flores do caminho. Barulho dos passarinhos. Encontre no céu o resto do meu olhar. Busque na sua alma e irá me encontrar. Por essência. Cheiro. Gosto. Vem me abraça forte. Tenha calma ao me beijar. Quero a voracidade do sentir. Que seja pleno. Intenso. Profundo. Por seus e meus. Por nós.
Apertarei o mais forte no piano que escutarás ao longe. Vem, viaja no meu corpo. Beija-me forte devagar. Quando os sinos dobrarem a esquina trará ao longe o grito dos pássaros. Aqueles que me fizeram cair aos tantos por você. Grita em meu ouvido. Bem baixinho devagar. Quero mesmo te matar por todas as noites. E pela manhã te fazer renovar e abrir aquele sorriso como o de novela. Que seja por essa por todas.
As manhãs. Como era pra ser puro. Quanto crime de gaveta comete com a escova de dente. Quanto amor se deixa escorrer pelo canto dormente da boca que se reprime. Fuma mais um. Seja feliz. Forever. Junte sete palavras doces e mergulhe nelas. Afunda-te em meu silencio e me beije. Por toda a face. Por toda minha existência. Por mim. Você. Por nós. Vem. Provoca-me. Quero mesmo é que me deixe nu de palavras ao te encontrar. Que tal brincarmos de sermos felizes JUNTOS. Junte tudo. Agora mergulhe tudo. Controle essas lágrimas. Realmente. Não precisamos mais disso. Olhe-me nos olhos. Compreenda quão grande ainda existe da sua pele em meu corpo. Vem faz amor comigo. Trás poesia pelo meu corpo. Mate-me três das sete vidas que me restam e que dediquei a você.
São desejos e lembranças que me fazem sorrir. Dança pra mim. Entorta a boca do que jeito que só você sabe fazer.
E faz poema doce. Desenha tua face em meu rosto. Quero me sentir embriagado de você já que hei de deixar você partir. Voe. Semeie o amor que vivemos. Vai avistar ao longe e me encontrar nas melodias tristes. Estarei em cada lágrima tua que escolher pela tua face. E quando sorrir vai morder teus lábios. Vai acordar mais cedo pra me viver. Pra me sentir. Faz amor comigo. Mas não me mate. Não me mate mesmo. Não permito isso mais. Agora é vida. Vai. Como é bom ouvir a tua voz. Vamos voar juntos. Ventou. E levei embora tua vida e teus sonhos. Tornei-me perverso e não sou mais capaz de te fazer feliz. Sou os sonhos que me foram roubados na infância. Faço parte daquela calça jeans surrada que já não mais me serve. A intolerância dos meus desejos. Hei de ser a fonte daquilo que me prende junto ao sol. Hei de ser o próprio sol e as lembranças. Um dia já embriagado lembrarei de como as palavras poderiam ser mais doces. Quando tudo ao menos deixou de ser visto.
Interrompido estarei ao primeiro sinal de que ainda existe a vida. Sangrar-te-ei até a morte. Com o teu sangue pintarei belas telas vermelhas manchadas com aquilo que me pertenceu. Serei eu ali. Entre meio ao coágulo mais brando e as poesias baratas.
Acorda mais leve e brando quando fores me desejar bom dia. Mata esse seu passado. Engole a seco seus ínfimos pecados e depois me corte. Sangue paixão desejo tudo ali olhando e sorrindo. Sombra de humanidade que ainda resta no meu peito.
Cala-me com teu beijo breve e depois me engole.
Lá fora.
Ritual de oração já não bastaria. Boa comédia romântica, se não fosse pela falta de ar que provocaria a partir daquele momento. Saiu ininterruptamente portão a fora. Como se as paredes estivessem contaminadas pelo ódio. Atravessaria a cortina sabendo que estaria errada. Nada mais a fazer. As cordas atravessariam suas veias sugando seu ar para a atmosfera enquanto respirava, por conseguinte enquanto a fumaça entrevava um branco sutil de fundo amarelado em seus pulmões. Ela pensou por instantes na morte. Ele. Que tudo acabasse ali. Afinal, só buscavam daquela fonte pouco mais de paz.
Assim olhos nos olhos eles se estranhavam, naquela angústia causada por ela. As flores amareladas. Agora sangue que se espalha por todo o colchão atravessando o quarto numa sutileza de se estranhar. Tanta purificação. Quanto amor, atrelado ao ódio. Os corpos se amam e se odeiam quando se olham. Depois choram. As lágrimas inundam o corpo um do outro enquanto a noite caia lá fora...
Ouviram palavras que não de dor. Sonhava cada dia mais com a partida e o livramento. Cantaram e foram felizes. Por Deus. Pela paz. Pelo tempo. Pela alma. E seguiram felizes.
A vida de um dos garotos fora interrompida logo no primeiro sinal de violência que a vida lhe pregava. Ainda mal conseguia separar as pálpebras daquela situação toda. Houve gritos. Muitos deles. Desespero. E ele nada podia fazer. Saia correndo atrás parava tudo aquilo e morrera pela primeira vez deixando de acreditar que o ser humano podia ter amor ao próximo. Ninguém precisava dizer nada. A violência ocorrera ao entardecer. Fora tomado com força e o sangue lhe escorria sobre as pernas. Aquela voz ofegante em seu pescoço refletia angustia e atordoamento.
Talvez tivesse sido melhor que os fios lhe atravessassem o pescoço e a luz se apagasse naquela que seria sua segunda morte. Onde não acreditava em poder ter escolhas. Aquilo seria lembrado pra sempre.
Tempos se passaram e o espelho revelou sua grande face. E sua voz lhe vazia voltar à vida. As mãos que o tocaram era de leveza. Calmaria. Havia amor jogado á regra pra suprir tamanho desprezo que a vida lhe dava.
Como atravessar mais uma esquina para o próximo surto. Ninguém entende. Ninguém. A dor o tornara cruel e ele já não mais sabia separar o bom do ruim. Para ele. No momento que em que esteja cheio da sua própria razão.
Ao menos temia que se machucasse mais uma vez. Não adiantava. Ele teria que passar por mais isso e perder. Sempre as perdas. A voz. A visão. A fala. Levaram também seu orgulho vital.
Ele não mais sonha. Pensa que a coisa não tem mais solução. Crime perfeito. Perfume adorável. Tempo de chuva que inspirava o sepultamento da saudade. E nada disso acontecia. Perdera o equilíbrio em uma esquina qualquer. Mas dessa vez sua metade (que também já estava por partir) o segurava as mãos antes mesmo que as luzes se apagassem. Não havia mais o que fazer. Prendera o dedo na porta. A unha quebrada doía menos do que quando ouvia aquela voz que confortava ao longe...
Ali parado.
O relógio marcaria mudanças. Se as coisas não permanecessem estáticas a cada instante. Desespero. Tudo girando. Pessoas rindo de piadas qualquer. O mundo. Dele. Trazendo de volta coisas que viveu. As viagens que antes fazia. Dos sorrisos de gratidão que colhia. Muda tudo. A roupa. O dia. A noite. Mas quantas noites ele terá de viver pensando no que poderia ser diferente se as coisas permanecem em ordem. Uma ordem que não existe. Nunca. É. Não mesmo. Reminiscências...
Partiremos das lembranças pra formar o que somos. Aquelas coisas que saem do controle. Um ou outro não que disse e que não é acolhido. Fora deixado de lado. Etapa concluída. Filhos grandes. E a felicidade. Quando ela há de viver ao meu lado. Ser a grande dama de companhia. A que completa. A metade que me levaram embora naquela cama de hospital. Das vezes em que me esperava já com os cabelos encaracolados e de batom pronto.
Perdera o sono na primeira noite em que o cadeado fora travado com alguém do lado de fora. As asas. Responsabilidades e amor. Quanto amor.
Ele não aprendera a demonstrar a sabedoria de mais de cinqüenta anos. Passou pelo tempo e deixou de viver. Agora vive por contar às pedras que aparecem no travesseiro. Já que os caminhos fecharam as portas numa sexta-feira qualquer. Ele perdeu o sono.
Rola de um lado pro outro da cama criando a sensação de um frio inexistente. Um frio da alma. Ausência. Quanta coisa errada. Ele pensa que expõe tudo o que sente. Mas fica sufocado na garganta e o impede de sorrir. Que esse super-homem deve estar fazendo agora. Já passam das duas e as luzes permanecem acesas. Ele já não pode mais sonhar acordado. Pensa na vida que gostaria de ter tido. As pálpebras se forçam a encontrar a outra face. Mas já é tarde demais. A luz que atravessa a janela sem cortina já invade sua retina. Amanheceu e ele não pode nem ao menos pregar os olhos.
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
moon
“Todos os caminhos começam com os pés no chão.”
“Hoje quando o sol saiu, eu resolvi voltar”.
Paro pra pensar em tudo o que construí. Se existe mesmo uma nova luz no fim do túnel. Acredito que já faz parte dela. E parte de mim agora. Assim. Corpo com corpo. “A proposta de ver estrelas”. Vermos. Assim. E seria. Foi. Vai ser sempre. Essa essência que me faz persistir em viver. Viver você.
O brilho nos teus olhos ao acordar. Quando não. Fechados. Aprendendo pouco mais da sina. Estou falando de amor. Estou falando da gente. E não imagina quanto é denso tudo isso. Mas é necessário. A partida. Quem sabe na próxima esquina encontraremos um próximo sorriso. Sabíamos que ia acabar. Mas porque não se deixar levar. E porque não, se apaixonar?
Vou me lembrar a cada cigarro que se emparelhar. Talvez o ultimo. E me fez pensar na proposta de ser (sermos) felizes.
Assim. Tão livre de pudores. Tão cheio de alma. A luz que faz brilhar. Caminha. Não pára.
E contigo aprendi a ter mais calma. Deve ser o dom... E você deve estar rindo agora. Aquele riso sem muita graça porque as lágrimas já lhe tomariam a face. Eu não. Sou forte. Mas já me faz tanta falta. Quem é que vai me virar pro outro lado da cama. Silenciar meu desespero. São tantos os desencontros que às vezes queria poder não acordar. Sabe. Só pra não pensar em debruçar meu braço para o lado e encontrar o vazio. Estou falando dessa tal de cumplicidade. Estou falando da gente. “E acredito em sonhos, não no tempo”.
E assim fazíamos promessas que não poderíamos cumprir. Pensaríamos assim, que se fechassem os olhos. Em coisas alegres e tristes. Quando deixaríamos de pensar na gente. Aquele pedaço que foi. E que não volta. Assim. Sem os braços dados não mais passaria naquela rua. Por que não mais faria tamanho sentido. Os caminhos. As voltas. O silencio. As conversas jogadas fora. Os beijos que deveriam ser roubados. O silencio. Mais uma vez que deveria ser respeitado. Assim faria parte dessa essência. Um do outro.
Vai. Quando sentir saudades. Pensa nos momentos em que rimos juntos. Pensa nas coisas boas que vivemos. Acende mais um cigarro. Entre um trago e outro saiba que estarei pensando em você.
domingo, 30 de novembro de 2008
despedida.
“São só palavras texto, ensaio e cena
A cada ato enceno a diferença
Do que é amor ficou o seu retrato
A peça que interpreto, um improviso insensato”
Só sei que foi assim.
E de repente ele se via só. Sem luz. Sem ópio. Olhando pro lado, avistava uma lata de cerveja. Não estava vazia. Estava quente. Mas nem tanto quanto o corpo que incendiava a alma. “Quero mais, quero a paz, que me prometeu”.
Ele já não mais se via só. Mas também não existia. O outro o havia tirado do campo de algodão. É. Mesmo. E onde o encontraria desta vez?
Perdido no desconexo de um texto. O Não saber do que vive. Angústia. Tão grande. E tão pequeno aos olhos do outro. Faz mesmo. Tamanho sentido. E onde. Olha só. Todos estavam. Agora. Ninguém. Saudade. Isso já não interessa mais. Que o ciclo recomece.
Recolhe esses copos aí do chão. Leva as latas vazias de cerveja. Quente. Para dentro. As cinzas de cigarro continuam ali. Aqui. Por toda a parte. E contam parte dessa história. De começo. Meio. Fim.
Mais fáceis seriam os contos de fada se começassem do fim. Ao final seria o primeiro encontro dos olhos. O primeiro telefonema. A primeira discussão. Mas não. A coisa é humana.
“É dor,se há,tentava, já não tento”.
E foi dessa forma que o sol se escondeu atrás das nuvens de fumaça. E ao cair da noite. Que chova. “Pra lavar os pecados”. Diria ele.
Na noite de ontem o medo o fazia companhia. O vento não se vazia presente. Sufocante. Eu diria. Ele também. A falta. De você. Do ar. De ar. Dos sentidos.
Pula a linha. Sacode a poeira. É tão especial quanto antes. Existe ainda o campo de algodão. Mas não. Prefira as roseiras. Os espinhos são mais brandos. E não há tamanha necessidade de se cortar sendo dessa forma. Ele se confunde. E confundem-se. Olho pro céu azul. Rastros brancos. Ainda há esperança? Mas e a chama que envolveu o campo. Algodão. Ele o via queimando. Sentia. Mas não podia fechar os olhos. Que não faça mesmo tamanho sentido. Tudo é bem mais complicado. E porque não ser assim.
Conta até três. Depois. Até quatro. São quantos mesmo? Por quantas pontes de madeira terei que passar com essa sede. E a idéia de passarmos dias escrevendo e cantando agonias. Quanta agonia. Deve ser a dama. Nem vou falar dela. Vai que apareça. Meu Deus. Eis me aqui. Sem as deveras forças. Se, brilho na face. Estático de mim mesmo. Sem virar nostalgia.
Queria dessa forma. E assim foi. Desapareci. Por onde. Quando. Sei lá. Tarde demais para reclamar ausência. Pode ser que ainda exista brilho nos olhos. Mas o orgulho jamais permitia que voltassem atrás. Os dois. E as palavras. Essas ditas. Serão lembradas. E a dor que elas trazem. Carrega por toda uma essência. Essência. Que nada. As palavras. Nada de essências. Apenas palavras. Que ferem. Se pudesse as tiraria daqui desse texto. As colocaria em um texto menos denso. Mas densidade. É disso que o público precisa. Mas existe público?
É assim. Não é romance. Nem tragédia. São pontos. Os finais. Vai senhora. Deixa-me em paz. Vai embora daqui. Não é bem vinda. As lágrimas secam. Sem vento. Trajetória. Vida. Fonte. Isso até me lembra infância. Amigos. Os de infância. Os de agora. A saudade permanece nas palavras. Mas e o braço forte. Abraço forte. Não seja tolo.
Fui interrompido pelo gato que mexia no lixo. Olhei para o lado. Puxei o banco. Ela sentou. Toda de preto. Assim de capuz. Queria me levar daqui. Mas não me disse pra onde. Não. Não. E ela me olhava. Acho que você me entende. Quanto arrependimento. Quanta gente. Aonde é que elas estão agora? Por onde mais devo procurar. Lembro que ela me disse para estender as mãos. Não. Não ele não pode. Ela o levaria. Mas e o orgulho. O medo de ferir. Fica por ai. Vou dar uma volta por lá. Quando voltar não esteja mais aqui. Esse não é o seu lugar. Escureceu quando fechei os olhos. Minutos depois.
Ele não pensava em nada. As lágrimas ardiam a face mesmo sem descerem. Que caia água do céu. Que a leve daqui. Não. Fica mais um pouco. Melhor com sua companhia. Vai. Já que esta aqui. Entra aqui. Invade. Escreve por mim. Assim. Sem frescuras. Desse jeito. Assim. Só escreve. Alguém vai te reconhecer. Já que é isso que você quer. Aparecer.
Com mais voracidade tento entender. Mas não. Não mesmo. Nunca vai me entender. “Eu sou a tua morte. Vim conversar contigo. Vim te pedir abrigo. Preciso do teu calor”.
E a luz amarelada e fosca soava mais angústia. Quando ele abriu os olhos. Ela estava ali. O olhava de canto quando decidiu por ficar.
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
que seja.
O campo de algodão fora queimado, não existe mais as cinzas. Ventou. Levou consigo também minha ambição. Meus sonhos e um pedaço de mim.
Agora é deixar ser um pouco. Afinal é crescimento. É fonte. Se vida. Que seja ao seu lado. O tempo todo está aqui. E pensando. E por onde estarei daqui a dois dias.
Por quantas vezes vou procurar o reflexo no espelho pra fugir das lágrimas. Meras. Essas lágrimas. Que seja ao menos suportável o convívio comigo mesmo. Por quantas vezes estarei ao seu lado e ao mesmo tempo distante. Busco-te e ao mesmo tempo te deixo tranqüilo. E me deixe também. Não resisto a sufocações. E amor nenhum resiste a isso. Que seja brando e sereno. E que a companhia seja mesmo a mais inquietante. E que possamos ser felizes a cada buraco que cairmos. São as construções destruídas que me fazem seguir adiante. E vou. Em busca da felicidade.
A cada dia que passo. Há e porque não pensar. Quero a calmaria do final da tarde. O sol já brando. Que não queime os lábios quando me beijar. Serei seu se for para ser. O ao fim serei sempre. Pra me conhecer não basta apenas estar ao lado. Coexiste uma essência que afaga tudo isso. É. Se for para o bem. Que seja.
domingo, 23 de novembro de 2008
relógio.
E não sei mais respirar sem pensar. A cabeça dói. Maldita madrugada que me tirou o sono. Encontro-me aqui. Estático. Relembrando um pouco das conquistas e que essas sejam bem menores que as tragédias. Por momentos ela me mostrou que as coisas não são tão ruins assim. E que as conquistas foram bem mais intensas que a solidão. O corpo não pára e a cabeça pede arrego. Tanto tempo. E passou. Ventou, também diria ela. Vagueando por entre as flores mais perfumadas pra encontrar essência. Tão procurada essência entre as abelhas. Isso. Ponto. Afinal que seja eterno enquanto dure. O que é sincero talvez valha mais que o tempo. Há esse tempo. Meu maior inimigo. Sem nem pensar nas rugas que terei daqui alguns dias esperando você chegar. Ganhamos da mesma quantia a qual perdemos. Aprendi. Abaixa a cabeça. Disfarça e chora. Próximo verão ele volta. Escreve. Arranca isso da cabeça. Onde estão suas forças? Muda essa música. É consciência, me aconselha a por o novo cd e sair pelado dançando pela casa. Afinal ainda tem pouco mais de meia hora para que o outro verão recomece. Mas não é desse que falo lá em cima que vai voltar. Falo de quanto você põe a mão sobre meu peito pra escutar meu coração bater mais forte. E devagar encosta seus lábios nos meus. Está ventando. Que você acha de chegar mais cedo para voarmos juntos. Lavei minhas asas e as coloquei pra secar no varal. Pode me levar com você? Quero passear por vales encantados e colher flores. Quero sentir-me protegido sem perder o brilho. Quero também aprender a colocar os pés no chão para quando cairmos das nuvens. Quero ser. Amar. Sentir.
Viver. Crer. Ser feliz. Que tal voarmos juntos outra vez?
sábado, 22 de novembro de 2008
próximo passo.
Caminho mais um pouco pela estrada de areia e enxergo o horizonte. Assim tão verde. Os olhos enchem de lágrima. E porque não essência. Alguns grãos de areia secam em meus olhos. Afinal fiz parte de tudo aquilo. E tudo ainda faz parte de mim. Por mais que eu ainda tente fugir. Voltando ao campo de algodão. Subi e desci dele por diversas vezes, procurando aquela florzinha que não sei o nome. Aquela que se sopra e faz um pedido. Ou vários deles. Tudo correu como precisávamos que acontecesse. Mas o encanto quebrou quando escutei o som da taça ao cair pelo chão. Espalhando todo aquele líquido rosado que continha. Manchando o tapete persa que ficava ao lado da cabeceira onde guardava todos os sentidos e emoções. Por hoje, será assim. O amanhã trará uma nova taça. E o que o dia recomece para os primeiros raios de sol iluminar a estrada por onde o arco-íris deve passar.
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
por voce.
Tão assim, e de repente, e os olhos se encontravam na esquina abaixo de onde tudo depois acontecia. Domingo. Seria como os outros. Se não fosse pela vontade que atraiam aqueles corpos. Falo de química. Não de sexo. Presta bem atenção no que escrevo. Mas no momento o que mais importava era o contato dos lábios que se encharcavam um do outro.
Sem luz e nem pressa. Talvez uma música triste de fundo compondo o ponto final de uma esquete, mergulhando numa nova história com prazo definido para acabar.
Não podiam, mas se entregavam. Não deveriam. Não mesmo. Vê se você me entende. Mas não. A história seguiu o rumo que julgou pertinente e as cortinas se abriram, não houve aplausos. O teatro acabou sem mesmo ter começado. A bailarina chorava com o passo interrompido. Mas não. O que importava eram as lágrimas, que seriam cravadas pela ausência. Depois que aqueles olhos. Que procuraram à essência de si. Encontrou bem mais que um simples olhar. A retina cravou a dor. Mas a renúncia não. Essa nunca vai fazer parte desse enredo. Vamos misturar a poesia e a dor. Sexo com a alegria. Mas não assim nessa seqüência. Primeiro se aprende. Depois joga. Que tal voltarmos àquela esquina tempos depois e recomeçarmos aquilo do zero. Quando o olhar foi interrompido por um sussurro de voz, aliviado buscando encontrar o que ainda não haviam perdido.
Comerciais
Viajo pelas ondas que um dia se propagaram no vácuo. Chego à luz ao inverso do brilho. Não sei por onde. Mas é mais ou menos dessa forma quando sinto a tua mão percorrendo minha sombria consciência. Bem levada eu diria. E isso é bom. Faz faltar o ar. Assombra aquilo que trás o prazer. Fecho os olhos e continuo a respirar. O som já não é mais de ausência. E sua mão. Já não preciso nem comentar a falta que me faz enquanto dorme.
Sinto o cheiro dos seus lábios que tocam o meu corpo. Assim tão profundamente. Falo daquilo que me interrompe e me leva a loucura. Por onde percorrer até chegar às estrelas do texto passado. E a pausa para o próximo trago. Sinto agora a respiração chegando mais perto assim. Da forma mais sutil sinto teu suor carregar em minhas costas. Apenas sinto.
Sentir. Sentimentos. Fugimos deles. Mas são tão bons. Tanta loucura. Mas nenhuma insanidade. Sinto o peso das mãos, que agora tocam a minha essência. Quando me permito sonhar para aquecer meus pensamentos. Sou assim, surpreendido por um frio na espinha. Um gelo na barriga. Agora sinto a respiração pouco mais forte. Mais perto. Vem. Olha bem mais de perto. Pra sentir o que eu to sentindo. Assim tão próximo do distante as mãos agora passeiam por onde deveriam estar e permanecem.
Corpo. Mãos. O verde ao lado. Interrompido por mais um trago. Mais uma dose. Dessas bem fortes de endorfina que chegam a aflorar os instintos. E paro para mais um trago.
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
Estrelas
Tão lentamente para que as coisas permaneçam em seu lugar. O certo sobressaindo qualquer inspiração contrária. Quero mesmo. Mas não me queima com as pontas, joga essa fumaça toda pra esquerda e segue caminhando. Ou pára. Associa. Deita no colchão pra poder pensar como vai ser o dia seguinte. Ou não pensar em nada.
Seu cabelo fica melhor assim. Bagunçado. Os olhos brilhando o que a lua gostaria de ressaltar. Mas não havia estrelas. Chuva e as estrelas resolveram por dar um passeio.
Tamanha sintonia que os pingos sutis faziam ao cair na grama ainda seca. Mas não. Estava distante. Mal podia escutar o som do meu coração bater mais forte.
A porta faz barulho quando fecha. A luz fraca mal iluminava minha face. Gostaria de poder ter visto meus olhos. Deviam estar brilhando, mas a falta de luz não refletia o que havia em mim.
Era pouco. Mas ao menos intenso. E recitava aquilo que só o coração queria pensar na tentativa de surpreender. Fazer diferente. Afinal foram palavras travestidas de essência. E que ao acordar se lembre de que não foi apenas sonho.
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Próxima parada.
Foram apenas lágrimas que o fizeram parecer tristes. Passou, logo na próxima esquina que havia dobrado. Afinal é fazer com que outro sofra daquilo que deveríamos enfrentar.
E por esse meio, não se fez presente.
Os que me fez imaginar por quantas horas as lágrimas ainda desceriam por aquela face gélida. Mas o contexto seguiu outro enredo, do qual não mais fazia parte, nem mesmo nostalgicamente.
Preciso da dor para conseguir escrever. Minha aliada quando nem mesmo posso chegar à conclusão mais uma vez de que é você quem permite essa dor. A individualidade toda e a razão como primeira instancia.
E a luz da lua parecia forjada. Pensei em correr atrás e pedir pra voltar. Mas hoje não. Agora compreendo que foi melhor assim. Quando joguei a corda pra você se envolver. E você preferiu navegar no seu mar de mentiras, acabou se perdendo nas próprias palavras e se enforcou. Matou-me.
Não deve ter havido dor e nem sangue, não acredite nisso. Tudo é bem maior do que é escrito. O papel me trás barreiras quando as palavras se perdem. Mas aqui, no lado mais humano, as coisas são sentidas na carne. Na carne viva. Carnificina. Carne podre. Pútrida carne. Que trás consigo também os desejos. Mas hoje não. Mais uma máscara caiu, seu rosto vem manchado de ódio e volúpia e fujo disso.
Quero dobrar a esquina e que o tempo mude. E que a chuva leve embora todo esse desespero, que o granizo se esfregue em meu corpo. E que sangre e sequem as feridas que um dia foi regado pelo teu suor.
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
Em tom de cinza.
Novo. Nada melhor que experimentar da própria companhia, quando o silencio invade, consegue escutar o barulho da minha respiração.
Ao mesmo tempo em que atordoado se faz presente. É quando percebemos que quando ficamos só tudo se multiplica. São três ou quatro de mim a vagar por aqui. E assim nem pensa no que se refez.
Promessas apaixonadas em um devaneio que não tem não há razão de ser. Ventou. E o ar cinza agora levou embora a voz que até então me confortava.
Escuto agora, pelo vão da porta que assovia o medo quanta surpresa e quantos aromas se extrai de um mesmo perfume. Dessa forma, a intensidade que a luz reflete sobre o medo é desigual, um tanto profano.
E quando se experimenta da própria companhia é mesmo a descoberta de que tudo é bem maior que o todo posto – preponderante (um tanto repetitivo, eu diria).
E o amor nos leva...
Ventou. Dessa vez, acho que acabou. Então, sem mais suspiros aliviados, sem mais voz mansa provida de um fundo fálico. Desigual. Maquiando a angústia reforçando os laços, que ontem foram de algodão (ela pensaria aqui: ele me tira do campo de algodão...).
“Meu caro amigo”, eu diria, É preciso primeiro os pontos, antes eles à interrogação que nos persegue. É tudo tão grande, mas não há mais espaço para o medo. Talvez essa fome de felicidade nos sacie com essa vontade de viver.
Ventou. E dessa vez levou embora os sonhos, reduzidos ao pó. Outra vez cinza. E bagunçou as letras do alfabeto e te levou para longe de mim (agora é esperar que vente no meu peito e que tire esse aperto daqui).
São tantas coisas a se dizer, que prefiro o silencio, mas que vente também nos sonhos e os espalhe pelo mundo. De repente eu encontro parte daquilo que me surpreende, depois mata. E não necessariamente nessa ordem.
As palavras cravadas aqui não fazem demasiado sentido.
O cinza dessa vez ventou.
É, existe amor viu. Mas a consciência ressalta de que não existe construção em cima de mentiras. Por mais idiota que elas possam parecer.
Mas não. Não é. Ressalto. Tudo o que fazia era parte de mim. E se morre você. Morre também os meus sonhos...
domingo, 9 de novembro de 2008
Por onde?
Sabe quando lemos algo que nos tira o chão. O que faz repensarmos em tudo o que já deixamos para trás com medo de viver.
Mas o que é essa ‘vida’ da qual tanto estamos em busca. Aquele perfume que deixamos de usar para guardar umas gotas a mais que serviria para um dia mais especial que o vivido, que também adiamos e por ai vai.
Por quantas vezes perdemos os eixos por medo. É ele. O medo. O que toma conta agora. Medo de envelhecer. E só. De adoecer. Da chuva, ou medo que as gotas da chuva molhem a poesia ainda não acabada.
Mas se estão aí é para ir. Olhe mesmo, mas sem exageros. Beba, até se sentir alegre porque as pessoas a sua volta não precisam saber quando seu estado pessoal está alterado.
Venho aos berros te suplicar por justiça e que a ganância não cresça com isso. Que ao mesmo que tempo que morre, volte, mas em um outro contexto.
De certa forma o conhecimento é algo que envelhece. Então devolva bem as intolerâncias e sorria para a lua. Quem sabe ela não ilumina a sua noite escura.
Abra as gavetas do armário e mecha nas fotos empoeiradas que um dia foram molduras. Assim. Retangular. Ocupando o melhor espaço na sessão de livros velhos, histórias antigas.
Dói. Mas é assim mesmo. Quanto mais vive. Mais deixamos a criança que fomos um dia de lado. E com isso. Morre um terço da esperança. A euforia sufocada só vai se fazer real se levantarmos da cama, para sentir o frio do chão invadir todo o corpo. Essência para sentir-se vivo. Assim se vive.
Entendemos a partir disso, que quando mais se ganha é proporcional ao que se perde. Compreendemos então que deixar de lado aquele sorriso que poderia ser retribuído poderia ser fatal.
Acredite em você. Faz bem. Afinal sua companhia deve ser a mais importante. Que seja ao menos preponderante.
É. Faz bem cada passo dado a frente. O sorriso espontâneo esperando enxergar através dos lábios o caminho certo. Aquele que deve seguir, e para onde devemos ir.
Mas não. Só acreditando em si e no seu próprio reflexo. Aquele do espelho. De resto, é tudo contrapondo a tudo aquilo que envelhecemos forjando uma ignorância repugnante.